Diário de Notícias

Dívida pública atinge valor recorde de 279 mil milhões de euros em abril

Endividame­nto do país aumentou três mil milhões de euros. No primeiro trimestre, a dívida na ótica de Maastricht tinha recuado para 127% do PIB.

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Adívida pública na ótica de Maastricht, a que conta para Bruxelas, aumentou três mil milhões de euros em abril para o valor recorde de 279 mil milhões de euros, informou ontem o Banco de Portugal (BdP). “Este acréscimo refletiu, essencialm­ente, emissões líquidas de títulos de dívida no valor de 3500 milhões de euros, sobretudo títulos de dívida de longo prazo (2300 milhões de euros)”, explica o banco central liderado por Mário Centeno.

Em sentido contrário, registou-se uma amortizaçã­o parcial de empréstimo­s do Mecanismo Europeu de Estabiliza­ção Financeira, em 500 milhões de euros.

Os depósitos das administra­ções públicas aumentaram 900 milhões de euros, pelo que, deduzidos estes, na realidade a dívida subiu 2100 milhões de euros, para 255 900 milhões.

No primeiro trimestre, a dívida pública na ótica de Maastricht tinha recuado para 127% do Produto Interno Bruto, menos 0,4 pontos percentuai­s face ao trimestre anterior. Em março de 2022, a dívida pública totalizava 276 milhões de euros, mais 1200 milhões do que em fevereiro.

A próxima atualizaçã­o das estatístic­as da dívida pública do Banco de Portugal será divulgada em 1 de julho.

Prioridade de Medina

O ministro das Finanças, Fernando Medina, já estabelece­u como prioridade a redução da dívida pública, tirando o país do topo da lista dos três países da União Europeia mais endividado­s, a seguir à Grécia e à Itália.

O elevado endividame­nto coloca Portugal numa posição vulnerável num contexto de incerteza económica em que as taxas de juro, atualmente em níveis historicam­ente baixos, vão começar a subir, face à escalada da inflação.

Segundo a estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatístic­a, divulgada esta terça-feira, a inflação em Portugal subiu para 8% em maio, o valor mais elevado em quase três décadas, em linha co a média registada na Zona Euro.

A subida dos preços não está a revelar-se assim tão temporária como previa há uns meses o Banco Central Europeu (BCE) e outras organizaçõ­es internacio­nais. E por isso Christine Lagarde, a presidente do BCE, já sinalizou uma primeira subida das taxas de juro diretoras em julho.

A provável subida das taxas este verão já está a refletir-se nas Euribor, as taxas usadas no crédito à habitação, que ontem subiram a três, seis e 12 meses para novos máximos.

A taxa Euribor a seis meses, a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação, avançou para 0,034%, mais 0,011 pontos do que na sessão anterior e um novo máximo desde janeiro de 2016. No prazo de três meses também subiu para -0,335%, mais 0,003 pontos, um novo máximo desde junho de 2020. A 12 meses a taxa Euribor avançou ontem para 0,417%, mais 0,027 pontos, um novo máximo desde outubro de 2014.

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Ministro Fernando Medina assume redução da dívida como prioridade.

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