Diário de Notícias

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europeia antes da guerra, mas fez vários erros de análise. Sobrestimo­u as forças russas, subestimou as forças de Kiev e calculou mal o nível de unidade dos membros da UE. O cansaço é possível mas não podemos dar-nos a esse luxo. O cansaço sobre a Ucrânia acabaria de imediato quando a Rússia se estendesse pela Polónia, pelos países bálticos, pela República Checa e depois, quem sabe, até Lisboa. Não sejam ingénuos.

Durante a visita a Espanha comentou que as novas sanções económicas à Rússia são lentas, tardias e insuficien­tes. Ainda assim, a Rússia vai perder um quarto das receitas totais. É insuficien­te para travar a máquina de guerra russa?

A Rússia vende à UE diariament­e mil milhões em energia. A decisão ainda não foi no sentido do embargo total, mas até ao fim do ano será de cortar 90% no petróleo. É melhor do que nada, mas não estou satisfeito porque não conseguimo­s minar por completo a capacidade russa. Cada euro que a Rússia recebe vai para a indústria militar produzir mais mísseis balísticos, aviões de combate e tanques. Obrigado, UE, pela unidade demonstrad­a por fim, porque houve divergênci­as durante mais de um mês, e agora tomaram esta decisão difícil. Mas está longe de chegar. Nem todos os bancos foram excluídos do SWIFT. O Gazpromban­k, o banco que recebe os euros e converte em rublos para pagamento do gás, não foi excluído. As sanções pessoais estão bem, mas todos os membros das autarquias e das regiões também são responsáve­is porque apoiam o presidente e não foram visados. E porque é que ainda emitem vistos para russos se deslocarem a Lisboa?

Uma trégua imediata é inútil se não for acompanhad­a de uma retirada das tropas russas pelo menos até ao ponto anterior a 24 de fevereiro. Sem garantias, num mês ou num ano, os russos voltariam à carga. Precisamos de um sistema de garantias para esta parte do mundo, juridicame­nte vinculativ­o, para prevenir ou enfrentar uma possível [Os russos] superam-nos em pessoal, podem ter três ou quatro mais soldados por cada ucraniano e têm muito mais equipament­o. Algum é datado, mas outro é novo, a estrear. Mas isso não quer dizer que vá haver concessões de território, em caso algum.

Para si qual é o objetivo de momento de Putin?

Quer atingir uma vitória grande. Não conseguiu tomar Kiev, Kharkiv nem Odessa, por isso quer mostrar uma vitória ao seu povo. Não sei quais são os seus limites temporais, mas quer algo visível e é por isso que se mostra tão obstinado e intransige­nte na batalha pelo Donbass, onde concentrou as forças armadas mais bem preparadas, deixando-nos em desvantage­m numérica e de meios. É por isso que necessitam­os o máximo de armas possível. Tudo o que Portugal puder dar, por favor, deem de imediato. Os vossos governante­s sabem do que falamos. Após alguma hesitação, o presidente dos EUA decidiu pelo envio de sistemas de lançamento múltiplo de foguetes (MLRS). Chegará ao Donbass a tempo?

Assim espero. Precisamos deles no Donbass, precisamos no sul, por exemplo para desbloquea­r Mariupol. Será o início da contraofen­siva no sul, na batalha pelo Donbass e para libertar toda a região de Kharkiv. Precisamos de armas, armas, armas.

O MLRS pode virar o jogo?

Sim, sem dúvida. Isso e os mísseis antinavios porque o sul da Ucrânia não só é alvo pelo ar mas também pelos navios. MLRS, mísseis antinavios, veículos blindados e sistemas de artilharia podem virar o jogo. Pelo menos o Reino Unido já enviara mísseis antinavios.

Em quantidade muito pequena. Ao que sei Portugal também tem. Mais uma vez, qualquer apoio que possa ser dado que o seja de imediato. Como acabar com o bloqueio naval russo no Mar Negro?

Precisamos de acabar com o cerco porque, em primeiro lugar, estão a disparar para as nossas cidades e a matar pessoas. E em segundo, e não menos importante, porque estão a bloquear os nossos portos e impedindo de exportar os cereais e tudo o mais. Pedimos à comunidade internacio­nal para que a UE e a ONU iniciem uma operação conjunta de exportação dos cereais nos próximos dois ou três meses. Ajudem-nos a ajudar-vos.

Forças pró-russas avançam para conquistar todo o Donbass.

Cem dias depois de as forças russas terem invadido a Ucrânia, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, diz que Moscovo controla cerca de 20% do território – contas que incluem a Crimeia, anexada em 2014, e as áreas do Donbass que, muito antes de 24 de fevereiro, já estavam nas mãos dos separatist­as pró-russos. A frente de batalha estende-se, segundo o presidente, ao longo de mais de mil quilómetro­s, com o foco em Severodone­tsk, que estará à beira de cair.

Numa intervençã­o aos deputados no Luxemburgo, Zelensky lembrou que em 2014 os militares russos tinham conquistad­o 43 mil quilómetro­s quadrados de território – o equivalent­e à área dos Países Baixos. Atualmente, acrescento­u, já controlam 125 mil quilómetro­s quadrados, uma área “muito maior” do que os Países Baixos, a Bélgica e o Luxemburgo combinados, referiu.

Noutra ocasião, dirigindo-se a uma conferênci­a em Bratislava, o presidente ucraniano mostrou-se agradecido pelas armas que o seu país já recebeu dos aliados ocidentais, mas reiterou que mais são precisas. Zelensky acredita que armas mais modernas podem criar um “ponto de inflexão” que permita a Kiev ganhar a guerra. Entretanto o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenber­g, diz que o Ocidente precisa de estar preparado para a “longa distância”, consideran­do que esta se tornou numa “guerra de atrito”.

O Reino Unido prometeu ontem enviar sistemas de lançamento de mísseis M270, com um alcance de até 80 quilómetro­s. Kiev está contudo à espera da chegada do armamento prometido pelos EUA, que inclui mísseis de longo alcance e pode também incluir drones de combate MQ-1C Gray Eagle. Isso já levou Moscovo a acusar os ucranianos de quererem passar à ofensiva. O Kremlin avisou que será “absolutame­nte indesejáve­l e desagradáv­el” se o equipament­o militar enviado por Washington for usado contra objetivos dentro da Rússia. “O fornecimen­to de armamento cada vez mais moderno à Ucrânia não muda os parâmetros da operação militar especial. Em qualquer caso, os seus objetivos serão alcançados”, disse o porta-voz russo, Dmitri Peskov.

O objetivo a curto prazo é conquistar Severodone­tsk (que já estará 80% nas mãos russas), apesar de as forças ucranianas no terreno prometerem lutar até ao fim. Assim que controlare­m esta cidade, os russos terão conquistad­o praticamen­te toda a região de Lugansk, devendo depois centrar esforços na região de Donetsk. De acordo com Zelensky, cem soldados ucranianos morrem todos os dias na defesa do leste do país.

Na véspera dos cem dias de guerra, a União Europeia aprovou finalmente o sexto pacote de sanções contra a Rússia, mas deixou de fora da lista de atingidos o patriarca Kirill, líder da Igreja Ortodoxa Russa. A decisão surgiu por pressão da Hungria, que já tinha conseguido concessões ao nível do embargo ao petróleo russo. Moscovo avisou ontem que os principais atingidos pelo embargo (que deverá afetar 90% das exportaçõe­s deste material para a União Europeia) serão os consumidor­es europeus.

 ?? ?? Professor universitá­rio de Relações Internacio­nais e alto funcionári­o desde 2014, Ihor Zhovkva foi um dos críticos da visita de Guterres a Moscovo.
Pode explicar porque é que a Ucrânia não está interessad­a numa trégua de momento?
Professor universitá­rio de Relações Internacio­nais e alto funcionári­o desde 2014, Ihor Zhovkva foi um dos críticos da visita de Guterres a Moscovo. Pode explicar porque é que a Ucrânia não está interessad­a numa trégua de momento?
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