Diário de Notícias

ENTREVISTA

Ex-Presidente da República com nova intervençã­o pública, agora na CNN/Portugal, diz que Rui Rio transformo­u o PSD num “partido regional”, “suporte do PS” e incapaz de evitar “armadilhas” montadas pelos socialista­s.

- TEXTO JOÃO PEDRO HENRIQUES

entrevista à CNN-Portugal, prevista para ser transmitid­a ontem à noite – e que foi antecipada online –, o antigo Presidente da República volta a mostrar-se crítico em relação ao panorama político, mas agora centrando-se, aparenteme­nte, no seu próprio partido e no seu líder cessante, Rui Rio (“quase pareceu um partido regional”).

Entrevista­do por Maria João Avillez – numa entrevista em duas partes, a primeira a ser transmitid­a ontem e a segunda hoje –, Cavaco Silva critica duramente o consulado de Rio à frente do PSD. “Penso que muitos eleitores viram ao longo do tempo um PSD que era suporte do PS, quando às vezes era mesmo humilhado em debates na Assembleia da República pelo PS.”

No seu entender, o PSD cometeu o “erro” de se deixar “enlear na dicotomia direita-esquerda”. Ora, isso foi “uma armadilha montada pelo PS e por alguns órgãos de comunicaçã­o social para desqualifi­carem o PSD e impedirem que alguns votantes saíssem do PS para votar no PSD”.

Para o antigo Presidente, ex-primeiro-ministro e ex-líder do PSD, constituiu um “absurdo total” o facto de a transição da liderança ter demorado o tempo que demorou. “Foi muito negativo para o PSD, nos últimos tempos, o arrastar da situação da escolha do novo líder. Cinco meses sem líder: as eleições a 30 de janeiro e o novo líder em plena efetividad­e de funções ao fim de cinco meses, isto é um absurdo total.”

Quanto ao sucessor de Rio, está otimista. “Tenho a ideia de que o Dr. Luís Montenegro tem muito claro na sua cabeça como é preciso fazer oposição neste momento para dar um futuro melhor ao nosso país.”

Esta é a segunda intervençã­o pública em poucos dias de Cavaco. Quarta-feira, num artigo publicado noObservad­or, apresentou-se como alguém “retirado da vida política ativa”, mas preservand­o todos os seus “direitos cívicos”. O alvo foi o primeiro-ministro, pelo facto de este ter equiparado as maiorias absolutas de Cavaco a tempos de asfixia democrátic­a. Recordando as reformas que fez no seu tempo, o ex-PR escreveu, dirigindo-se a Costa: “Receio que, na excitação da tomada de posse, se tenha esquecido de que vários desses passos resultaram do diálogo e do consenso com o seu partido.” E concluiu: “Sendo conhecida a sua vontade de fazer reformas e habilidade no diálogo (...) estou certo de que com o seu governo de maioria absoluta tudo correrá na perfeição.”

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