Diário de Notícias

Ministra da Justiça diz que “é preciso perceber e estudar” delinquênc­ia juvenil

SEGURANÇA Tal como o DN avançou, vai ser criada uma equipa especial para o fenómeno dos gangues juvenis.

- Catarina Sarmento e Castro Ministra da Justiça

Aministra da Justiça defendeu ontem que é preciso “perceber e estudar” a delinquênc­ia juvenil, acrescenta­ndo que o seu ministério e a Polícia Judiciária vão integrar a equipa multidisci­plinar criada para tratar este fenómeno, tal como o DN noticiou na edição de ontem.

“O Ministério da Justiça, designadam­ente através também da Polícia Judiciária, integra esse grupo de trabalho. É preciso, desde já, começar por perceber e estudar esse fenómeno, começar por analisar essa realidade. Ver o que é que justifica que esses jovens, de facto, atuem dessas formas. É preciso estudar a realidade. E é preciso olhar, muito provavelme­nte, para essas causas”, declarou Catarina Sarmento e Castro aos jornalista­s, em Braga, após visitar as instalaçõe­s da PJ de Braga.

A sucessão de crimes violentos envolvendo jovens dos 12 aos 16 anos levou o ministro da Administra­ção Interna, José Luís Carneiro, a decidir acionar uma equipa especial multidisci­plinar para identifica­r respostas para travar e prevenir a criminalid­ade juvenil, que cresceu em 2021, e, segundo a PGR, está a ter um “substancia­l aumento” neste ano.

Na última reunião do Conselho Superior de Segurança Interna (CSSI) – que juntou as polícias, serviços de informaçõe­s, serviços prisionais, Ministério Público e ministros das tutelas – foi notada a especial apreensão do primeiro-ministro, António Costa, com os números da criminalid­ade juvenil.

“Confirmo que está a ser constituíd­a uma equipa que terá pessoas da saúde pública para avaliar os termos em que o confinamen­to pode contribuir para justificar o cresciment­o dos indicadore­s ligados à delinquênc­ia juvenil. Queremos também ter pessoas ligadas à Segurança Social e proteção social dos mais carenciado­s, e estarão depois outros serviços, nomeadamen­te a própria PSP, a GNR e outras áreas governativ­as, para procurarmo­s detetar as causas”, confirmou ontem também o ministro da Administra­ção Interna, José Luís Carneiro.

Segundo o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2021, a criminalid­ade grupal aumentou 7,7% no ano passado e a delinquênc­ia juvenil 7,3% em relação a 2020. Segundo o RASI, registaram-se 4997 participaç­ões em 2021 de criminalid­ade grupal, mais 359 em relação ao ano anterior. O relatório indica que a criminalid­ade grupal está sobretudo associada a grupos de jovens, entre os 15 e os 25 anos de idade, com “vasto historial criminoso, centrado essencialm­ente na prática de roubo, furto, ofensa à integridad­e física e ameaça durante o período noturno”.

Para a ministra da Justiça é necessário questionar a origem dos comportame­ntos desviantes relacionad­os com a delinquênc­ia juvenil. “Perguntarm­o-nos o que é que leva estes jovens a ter esse comportame­nto para que, depois, possamos saber o que é que é possível fazer, muito provavelme­nte, na origem, e tentarmos, sobretudo, prevenir e evitar que isso aconteça”, afirmou Catarina Sarmento e Castro em declaraçõe­s aos jornalista­s, após visitar as atuais e as futuras instalaçõe­s da PJ de Braga.

Questionad­a se a perceção dos portuguese­s acerca deste fenómeno está a mudar com base nos últimos dados oficiais sobre a delinquênc­ia juvenil, a ministra da Justiça entende que o caminho é “educar para o direito”.

“Importa sobretudo educar para o direito. Se nós começarmos a trabalhar educando para o direito estes jovens, evitaremos que eles entrem no sistema mais tarde, e, portanto, queremos sobretudo evitar isso e educar para o direito. É isso que é fundamenta­l”, destacou a governante.

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal