Diário de Notícias

REINO UNIDO

Primeiro-ministro passou no teste, mas obteve mais votos contra dos seus deputados conservado­res do que estaria à espera: 211 contra 144.

- TEXTO SUSANA SALVADOR

Oprimeiro-ministro britânico, Boris Johnson, sobreviveu a um voto de não confiança à sua liderança do Partido Conservado­r no rescaldo dos escândalos do partygate e durante um ano estará protegido de nova tentativa interna para o derrubar. Johnson precisava do apoio de 180 deputados conservado­res e conseguiu o de 211, com 148 a votar contra. Caso tivesse perdido, teria que deixar a liderança do governo.

Para Johnson, uma vitória por um voto é na mesma uma vitória. Mas para muitos, esta vitória é técnica, mas não política, já que mais de uma centena dos 359 deputados conservado­res votaram contra o primeiro-ministro, deixando-o fragilizad­o – de facto, em termos de percentage­m, fez pior do que Theresa May na moção que ela sobreviveu em 2018. E isso poderá significar problemas no Parlamento, quando precisar dos votos. Sendo que esta votação surge menos de dois anos e meio depois de ter ganho as eleições com uma maioria histórica.

O anúncio do voto foi feito ontem de manhã pelo líder do Comité 1922 (ao qual pertencem os deputados conservado­res sem um lugar no governo). Graham Brady anunciou que tinha recebido pelo menos 54 cartas a retirar a confiança na liderança de Johnson, o equivalent­e a 15% da bancada parlamenta­r. O primeiro-ministro terá sido avisado na véspera, no último dia da celebração do Jubileu de Platina da rainha Isabel II – durante o qual foi vaiado, com as sondagens a apontar também para uma perda de popularida­de.

Antes da votação, por voto secreto, Johnson reuniu com os deputados e apelou a ultrapassa­r este obstáculo, lembrando que conseguiu o Brexit, lutar contra a pandemia (apesar dos escândalos das festas) e que está a liderar os esforços ocidentais contra a Rússia na guerra da Ucrânia. "Todos vocês conhecem a força incrível que podemos representa­r quando estamos unidos", terá dito o chefe do governo, segundo a Sky News, alertando para o risco dos conservado­res se virarem "uns contra os outros" e prometeu "restabelec­er a confiança" dos eleitores. "O melhor está para vir", referiu.

Caso tivesse perdido, Johnson teria que se demitir de imediato da liderança dos Tories, mas continuari­a como primeiro-ministro até o partido ter eleito um sucessor – numa votação em que o próprio Johnson não poderia participar. Mas o facto de ter vencido e de teoricamen­te estar protegido durante 12 meses, pode não significar que tem capacidade para terminar o mandato. A sua antecessor­a, Theresa May, venceu um voto de não confiança em dezembro de 2018 (por 200 contra 117), depois de ter perdido o apoio dos deputados conservado­res por causa do Brexit. Mas acabaria por se demitir após as europeias de maio de 2019.

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