Diário de Notícias

Sé de Viseu vai ter plataforma de mobilidade usada na Catedral de Notre-Dame

A nova estrutura, pioneira em Portugal, foi adotada na famosa catedral de Paris. As obras de requalific­ação do edifício decorrem nos próximos 18 meses e têm um custo total de 1,35 milhões de euros.

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A candidatur­a da Sé de Viseu ao programa Portugal 2020 foi aprovada em dezembro de 2020 e contempla um investimen­to total a 1,35 milhões de euros.

ASé de Viseu vai ter uma plataforma para mobilidade reduzida “pioneira” no país, integrada na requalific­ação que se vai iniciar, num valor superior a 1,3 milhões de euros, anunciou ontem Susana Menezes, diretora regional da Cultura do Centro. “O projeto de acessibili­dades é verdadeira­mente exemplar, integrando, de forma pioneira no nosso país, exatamente a mesma solução técnica e tecnológic­a que foi usada na Catedral de Notre-Dame, em Paris, e na Catedral de Caen”, também em França, revelou.

A diretora explicou que, “em causa, está a colocação de plataforma­s elevatória­s nas duas escadarias exteriores, que serão praticamen­te impercetív­eis quando recolhidas, o que assegura um impacto visual mínimo e um absoluto respeito pelos valores patrimonia­is”.

“As plataforma­s vão permitir o acesso à Casa de Santa Maria e, daí, à Varanda dos Cónegos e ao piso superior do claustro, por elevador, assim como ao piso inferior do claustro e, deste, ao interior do templo”, explicou Susana Menezes, no ato simbólico de arranque das “tão desejadas” obras de requalific­ação da Sé, que “terão de cumprir o prazo escrupulos­o de 18 meses, até dezembro de 2023”, uma vez que ainda são financiada­s pelo Portugal 2020.

A candidatur­a da Sé de Viseu “foi aprovada em dezembro de 2020 com um investimen­to total a 1,35 milhões de euros, sendo 85% deste valor suportado pelo Centro 2020”. Os 15% remanescen­tes separedes”, rão suportados pelos orçamentos da Direção Regional de Cultura e da Diocese de Viseu, em partes iguais, e as três entidades irão “encontrar a melhor solução para dar resposta” ao desafio da inflação, nomeadamen­te nos preços dos materiais.

Infiltraçõ­es preocupam

As obras de requalific­ação dividem-se em duas empreitada­s diferentes: o lote um é “referente à conservaçã­o e restauro do património integrado, designadam­ente dos retábulos e revestimen­tos azulejares”, enquanto o lote dois “é relativo às reparações diversas e acessibili­dades”.

Após uma descrição da Sé de Viseu e dos seus edifícios, bem como do Museu Nacional Grão Vasco e do antigo seminário, Susana Menezes explicou onde vão ser feitas as intervençõ­es: “Esta importante intervençã­o vai dar resposta a três dimensões diferentes, mas absolutame­nte complement­ares neste momento.” Neste sentido, serão resolvidos “os graves problemas de infiltraçã­o de água nas zonas de cabeceira da igreja”, que “geram uma significat­iva fissuração das assim como “os problemas de drenagem de águas pluviais e degradaçõe­s diversas em elementos de património integrado”. “Iremos proceder a trabalhos de conservaçã­o e restauro das coberturas e resolver situações de degradação de elementos estruturai­s de património integrado, nomeadamen­te na sala capitular, no claustro, na torre do relógio e na loja”, explicou.

Com vista no potencial turístico da Sé de Viseu e “como medida estruturan­te para o acolhiment­o de público”, vai proceder-se ainda “à refunciona­lização da Casa de Santa Maria que vai passar a integrar o circuito expositivo da Sé”.

Obras começam com atraso

O bispo da Diocese de Viseu deu os parabéns aos envolvidos por todo o trabalho no projeto de requalific­ação da “Sé Catedral, que orgulha o património da cidade e da região”. Nesse sentido, realçou que, apesar de haver “muitos milhões, para tanta gente necessitad­a são poucos”, mas “quando distribuíd­os com equidade podem ajudar e beneficiar muitas obras”. “Lanço um repto de esperança, não desanimemo­s porque espero que depois destas obras outras venham para o embelezame­nto deste conjunto não só religioso, museológic­o, arquitetón­ico, nesta praça única da cidade” de Viseu, desafiou o bispo António Luciano.

O presidente da Câmara Municipal de Viseu, Fernando Ruas, lembrou que “as obras deviam ter começado há mais tempo”, mas sublinhou que “o importante é que tenham a sua sequência e, sobretudo, que não deixem deteriorar este património espantoso que é uma das alavancas fundamenta­is” do turismo. “Este é o nosso monumento mais icónico e apenas deixaria uma preocupaçã­o, a de que haja alguma homogeneid­ade do que foi feito no museu”, pediu Fernando Ruas relatando que, quem visita o espaço “diz que um tem a cara lavada e o outro não”. Neste sentido, o autarca pediu para que todos façam “um esforço para que aconteçam em simultâneo”, apelou Fernando Ruas, que elogiou a inclusão da plataforma para a mobilidade reduzida que permitirá “muito mais acessos” ao monumento.

A presidente da Comissão de Coordenaçã­o e Desenvolvi­mento Regional do Centro destacou a importânci­a do “momento simbólico” que decorreu, porque “dá origem à reabilitaç­ão concreta do belíssimo monumento” da Sé de Viseu. “Estamos a celebrar aqui os fundos comunitári­os ao serviço da cultura. É a solidaried­ade da Europa ao serviço do nosso país e, por vezes, esquecemo-nos que assim é, mas está sempre presente e tem um contributo enorme para a transforma­ção do país”, defendeu Isabel Damasceno.

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A intervençã­o na Sé vai resolver os graves problemas de infiltraçã­o de água.

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