Diário de Notícias

SNS. Partidos unem-se e culpam PS com direita e esquerda a trocar galhardete­s

Para o PS, o caminho tem sido de “reforço” enquanto a oposição criticou em toda a linha.

- TEXTO RUI MIGUEL GODINHO

Um visado em comum: o governo. Da esquerda à direita, todos os partidos (à exceção de PS, Livre e PAN) considerar­am, ontem, que o Executivo tem responsabi­lidades pelo agravament­o das condições no SNS. Mas há diferenças. Se, por um lado, PCP e BE acusaram apenas o governo, os partidos de direita, por sua vez, não esqueceram os tempos da geringonça e atribuíram culpas, também, a comunistas e bloquistas.

Na ótica de João Dias, deputado do PCP, o PS é “cúmplice da estratégia reacionári­a de direita” ao trazer o setor privado para a Saúde, lucrando com aquilo a que chamou “o negócio da doença” e contribuin­do assim para a “destruição” do SNS.

Na mesma linha, Pedro Filipe Soares, líder parlamenta­r do Bloco de Esquerda, acusou o Executivo de “anunciar uma mão cheia de nada” no “plano de contingênc­ia” divulgado na segunda-feira. Para o bloquista, “este é um governo em que a contingênc­ia se tornou num modo de vida”.

À direita, o tom acusatório manteve-se. Depois de, inicialmen­te, ter acusado o PCP de ter mais responsabi­lidades “pelo atual estado do SNS” do que qualquer um dos partidos de direita, a Iniciativa Liberal, pela voz de Rui Rocha, concordou, em parte, com Pedro Filipe Soares, dizendo que o governo vai passando “de plano de contingênc­ia em plano de contingênc­ia até à emergência final”, acusando, aí sim, o BE de “falta de memória” por considerar que este se esqueceu que também é responsáve­l pelo que aconteceu ao SNS.

Na mesma lógica, Filipe Melo, do Chega, acusou o PCP de “amparar” e “levar ao colo” o governo (remontando aos tempos da geringonça), atirando ainda: “A vossa ladainha começa a ficar gasta”.

E também o PSD apontou baterias ao Executivo. Pela voz do deputado Guilherme Almeida, os sociais-democratas considerar­am que a degradação do SNS “é mais uma marca da governação falhada” do PS e reforçou a ideia de cumplicida­de do PCP nos problemas do setor.

Da parte do PS, coube ao deputado Paulo Marques tomar a palavra, sublinhand­o que o partido “tem realizado um caminho de reforço” do SNS, não sendo possível afirmar ‘em momento algum’ que não houve fortalecim­ento do setor”, exemplific­ando com o aumento do número de profission­ais de saúde.

Na resposta, Pedro Filipe Soares considerou que as palavras do socialista “merecem uma reflexão”, atribuindo ao BE os louros das medidas enunciadas por Paulo Marques: “Temos mais profission­ais de saúde? Temos, em parte, por causa das propostas do BE. Temos mais investimen­to no SNS? Temos, em parte, por causa das propostas do BE. Então porque é que com mais profission­ais, com mais investimen­to, temos pior SNS agora? Foi porque o PS recusou haver mais capacidade de contrataçã­o.”

Na mesma intervençã­o, Pedro Filipe Soares aproveitou ainda para dizer à Iniciativa Liberal que deve agradecer ao PS. “Nunca como hoje o SNS pagou tanto a privados”, rematou. rui.godinho@dn.pt

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Declaraçõe­s políticas no plenário focaram-se sobretudo no SNS.

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