SNS. Partidos unem-se e culpam PS com direita e esquerda a trocar galhardetes
Para o PS, o caminho tem sido de “reforço” enquanto a oposição criticou em toda a linha.
Um visado em comum: o governo. Da esquerda à direita, todos os partidos (à exceção de PS, Livre e PAN) consideraram, ontem, que o Executivo tem responsabilidades pelo agravamento das condições no SNS. Mas há diferenças. Se, por um lado, PCP e BE acusaram apenas o governo, os partidos de direita, por sua vez, não esqueceram os tempos da geringonça e atribuíram culpas, também, a comunistas e bloquistas.
Na ótica de João Dias, deputado do PCP, o PS é “cúmplice da estratégia reacionária de direita” ao trazer o setor privado para a Saúde, lucrando com aquilo a que chamou “o negócio da doença” e contribuindo assim para a “destruição” do SNS.
Na mesma linha, Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do Bloco de Esquerda, acusou o Executivo de “anunciar uma mão cheia de nada” no “plano de contingência” divulgado na segunda-feira. Para o bloquista, “este é um governo em que a contingência se tornou num modo de vida”.
À direita, o tom acusatório manteve-se. Depois de, inicialmente, ter acusado o PCP de ter mais responsabilidades “pelo atual estado do SNS” do que qualquer um dos partidos de direita, a Iniciativa Liberal, pela voz de Rui Rocha, concordou, em parte, com Pedro Filipe Soares, dizendo que o governo vai passando “de plano de contingência em plano de contingência até à emergência final”, acusando, aí sim, o BE de “falta de memória” por considerar que este se esqueceu que também é responsável pelo que aconteceu ao SNS.
Na mesma lógica, Filipe Melo, do Chega, acusou o PCP de “amparar” e “levar ao colo” o governo (remontando aos tempos da geringonça), atirando ainda: “A vossa ladainha começa a ficar gasta”.
E também o PSD apontou baterias ao Executivo. Pela voz do deputado Guilherme Almeida, os sociais-democratas consideraram que a degradação do SNS “é mais uma marca da governação falhada” do PS e reforçou a ideia de cumplicidade do PCP nos problemas do setor.
Da parte do PS, coube ao deputado Paulo Marques tomar a palavra, sublinhando que o partido “tem realizado um caminho de reforço” do SNS, não sendo possível afirmar ‘em momento algum’ que não houve fortalecimento do setor”, exemplificando com o aumento do número de profissionais de saúde.
Na resposta, Pedro Filipe Soares considerou que as palavras do socialista “merecem uma reflexão”, atribuindo ao BE os louros das medidas enunciadas por Paulo Marques: “Temos mais profissionais de saúde? Temos, em parte, por causa das propostas do BE. Temos mais investimento no SNS? Temos, em parte, por causa das propostas do BE. Então porque é que com mais profissionais, com mais investimento, temos pior SNS agora? Foi porque o PS recusou haver mais capacidade de contratação.”
Na mesma intervenção, Pedro Filipe Soares aproveitou ainda para dizer à Iniciativa Liberal que deve agradecer ao PS. “Nunca como hoje o SNS pagou tanto a privados”, rematou. rui.godinho@dn.pt