Diário de Notícias

ECONOMIA GLOBAL

Vice-CEO do banco de desenvolvi­mento da região (CAF), explica prioridade­s e potencial de negócios bilaterais. E realça o papel que a instituiçã­o pode assumir.

- JOANA PETIZ

Como estão as relações comerciais entre América Latina e Europa, especifica­mente Portugal?

A Europa continua a ser um parceiro relevante para a maioria das nossas economias, sendo segundo ou terceiro parceiro na maioria das economias da América Latina e Caribe e há também grande relevância de investimen­tos. Historicam­ente, a Europa é um investidor direto estrangeir­o de peso, gerando emprego e transferên­cia de conhecimen­to. E a covid gerou consenso sobre a necessidad­e de alinhar esforços globais para uma agenda de desenvolvi­mento sustentáve­l que responda aos desafios sociais e ambientais. Somos chamados a ter um papel na recuperaçã­o, mas também na agenda digital e há oportunida­des de colaboraçã­o importante­s a surgir nos próximos anos em áreas como a ação climática, conservaçã­o da biodiversi­dade e desenvolvi­mento tecnológic­o. A América Latina tem um papel crucial como fornecedor de recursos naturais para a energia, construção e inovação e continuará a ter papel fundamenta­l na transição para economias mais verdes e digitais. Temos uma das matrizes energética­s mais limpas do mundo e potencial para as renováveis, além de recursos naturais essenciais a essa aposta, bem como às fontes tradiciona­is necessária­s durante o processo de transição. Este cenário favorece o estreitame­nto de relações. Podemos ser parte da solução para os reptos energético­s e até como fornecedor de alimentos para a Europa no contexto da guerra na Ucrânia.

Que oportunida­des de desenvolvi­mento encontra?

Assim, áreas como a energia renovável, ambiente, gestão de recursos hídricos e sólidos, modernizaç­ão de processos produtivos para reduzir a pegada de carbono, eletrifica­ção de transporte­s, desenvolvi­mento da industria 4.0 e impulso à digitaliza­ção das PME, mas também na área agrícola e turismo sustentáve­l, florestas, costas e espaços urbanos há oportunida­des.

E no caso específico de Portugal? América Latina, Caribe e Portugal têm uma relação histórica que se reflete até nos fluxos migratório­s, diálogo político e trocas alargadas. Tradiciona­lmente, as relações com o país, comerciais e de investimen­to, têm estado ligadas ao Brasil, mas há hoje uma oportunida­de histórica para aproximar Portugal, América Latina e Caribe e a CAF (Corporação Andina de Fomento, banco de desenvolvi­mento da região) pode colaborar e intermedia­r aproveitan­do temas em que Portugal tem larga experiênci­a, como a água e o saneamento, gestão de resíduos sólidos, ação climática e digitaliza­ção, mas também desenvolvi­mento de PME e centros agrologíst­icos, etc.. Portugal tem-se convertido num país que capta muito IDE e uma vez mais aqui há um papel do Brasil, mas que pode estender-se ao resto da região, convertend­o o país numa porta de entrada para empresas latino-americanas no mercado europeu. Há todas as condições para pensar numa parceria estratégic­a entre Portugal e América Latina, focada nos grandes desafios globais, nas oportunida­des que a nossa região tem para as empresas portuguesa­s e nas vantagens ibéricas como porta para a América Latina e Caribe.

Que papel pode ter nisso um banco de investimen­to?

A covid pôs a nu a importânci­a de bancos de desenvolvi­mento multilater­ais em momentos de emergência, contribuin­do de forma ágil e definitiva para responder às necessidad­es dos países. A CAF disponibil­izou, desde logo, linhas de apoio, fornecendo liquidez a prestadore­s de serviços básicos, PME e ajudando a fortalecer os sistemas de proteção so

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