Diário de Notícias

SETE CASOS, SETE PECADOS

-

TRAPALHADA EM BELÉM Dezembro de 2020, quando toda a polémica em relação à morte de Ihor Homeniuk ainda estava no seu auge e o governo já tinha indicado que preparava uma reforma para o SEF, Magina da Silva teve uma audição com Marcelo Rebelo de Sousa e, à saída, revelou que estava a ser trabalhada a fusão da PSP com o SEF e que a questão já tinha sido abordada com o Presidente da República. Além da quebra de sigilo habitual nestes encontros, o diretor nacional foi depois desautoriz­ado pelo governo nas suas afirmações. O então ministro da Administra­ção Interna, Eduardo Cabrita veio retificar, dizendo que a reforma do SEF era “uma matéria que o governo [estava] a trabalhar”, acentuando que estas matérias, “obviamente, com todo o respeito, não são anunciadas por diretores de Polícia”. Muitos apostaram que Magina se demitiria, apenas 10 meses depois de ter tomado posse, mas sobreviveu e até ironizou com o caso na semana passada, na audição parlamenta­r.

CORREÇÃO DO MAI

Na passada semana, na audição parlamenta­r sobre o SEF, indicou que 19 polícias já tinham aceite reforçar o SEF em comissão de serviço. Duas horas depois, o gabinete do ministro da Administra­ção Interna, José Luís Carneiro, teve de corrigir, lembrando que, além desses 19, havia mais 70 oficiais a apoiar os inspetores do SEF no âmbito do plano de contingênc­ia para os aeroportos nacionais, que o governo preparou para fazer face ao grande aumento de turistas durante o verão.

CLÁUDIA SIMÕES

“Há uma atuação legal e legítima por parte de um agente da autoridade. Há uma resistênci­a na condução para identifica­ção e há efetivamen­te uma ação de resistênci­a ativa contra o agente que decidiu proceder à detenção, que foi o que aconteceu”, declarou Magina da Silva sobre as agressões a Cláudia Simões, logo na sua tomada de posse, em fevereiro de 2020, quando questionad­o pelos jornalista­s sobre o caso. Como se sabe, os três polícias acusados vão a julgamento por crimes de ofensa à integridad­e física qualificad­a, sequestro agravado, abuso de poder e injúria agravada contra Cláudia Simões.

CASAS DO MONTEPIO DA PSP A associação Montepio PSP, com um vasto património em Lisboa – T3 e T4 em zonas nobres da capital – é dirigida por oficiais de topo da PSP e, segundo uma investigaç­ão da Sábado, distribui algumas das casas, a menos de 550 euros, aos membros dos próprios órgãos sociais e a altas patentes da polícia, como o ex-diretor nacional-adjunto José Ferreira Oliveira. Embora não tenha responsabi­lidade direta, não são conhecidas propostas de solução, nem de demissões, para acabar com os abusos, que estão já a ser investigad­os pelo DIAP e PJ.

SINDICATOS

A relação entre Magina da Silva e os sindicatos da PSP entrou em rutura total, ao ponto de o maior deles, a ASPP-PSP , habitualme­nte mais comedida nos seus protestos, ter convocado uma manifestaç­ão para a sede da PSP contra “a forma como a atual Direção Nacional tem gerido os destinos da instituiçã­o, mas principalm­ent a vida dos polícias”.

NOMEAÇÕES

Nunca vieram a público, mas dentro da PSP há vários oficiais que conhecem os casos, que envolveram a Presidênci­a da República e a Câmara de Lisboa. No primeiro caso, as escolhas de Magina da Silva para a segurança de Belém, desagradar­am a Marcelo Rebelo de Sousa, obrigando o diretor da PSP a recuar. Carlos Moedas, por seu lado, viu-se envolvido numa espécie de complô para substituir o comandante da Polícia Municipal, lugar que Magina da Silva queria para colocar um homem de sua preferênci­a. Mas tendo sido informado do que estava em causa, Moedas chamou o superinten­dente Paulo Caldas e manifestou-lhe a sua total confiança, desacredit­ando as iniciativa­s do diretor nacional da PSP.

FORÇAS ARMADAS

Nos primeiros meses da pandemia, logo em 2020, quando as Forças Armadas saíram à rua para apoiar no combate contra a covid-19 (transporte de doentes, desinfeção de lares e escolas, internamen­tos), um grupo de militares que estavam a fazer o perímetro de segurança a um lar de idosos foi barrado por agentes da PSP. Magina da Silva veio publicamen­te apoiar a ação, deixando as chefias militares incomodada­s.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal