Kerry louvou exemplo de Portugal na ação climática
CONSELHO DE ESTADO Marcelo diz que enviado norte-americano elogiou o exemplo português e opôs-se a mudança na ação climática por causa da guerra.
OPresidente da República afirmou ontem que na reunião do Conselho de Estado o enviado presidencial norte-americano para o clima, John Kerry, louvou Portugal e opôs-se a uma mudança de rumo devido à pandemia ou à guerra.
Após uma reunião do Conselho de Estado no Palácio da Cidadela de Cascais com Kerry como convidado para analisar o combate às alterações climáticas e a transição energética, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que esta “foi talvez uma das sessões mais interessantes” do seu órgão político de consulta e referiu que o enviado presidencial norte-americano para o clima “fez questão de responder a todas as perguntas, e que foram muitas, e respondeu em pormenor, com um tom otimista, mas ao mesmo tempo realista”.
O chefe de Estado respondeu que Kerry “foi muito claro” sobre a atual conjuntura de guerra na Ucrânia e defendeu que “não se pode recuar por causa da pandemia nem da guerra”. “E explicou até que é um erro por causa da situação conjuntural criada pela guerra haver recuos e abrir a utilização do carvão, que isso são recuos depois de reparação muito difícil, é muito contra isso”, acrescentou, frisando que Kerry também falou dos seus “contactos com a China e com a Índia” sobre a redução das emissões de gases com efeito de estufa.
Marcelo diz que Kerry considera que este “é um período transitório, em que os governos vão ter de acomodar, em que as opiniões públicas vão exigir dos governos, naturalmente, essas medidas de ajustamento, mas que não pode haver uma mudança de rumo, porque se há uma mudança de rumo então perde-se muito do que já se adquiriu”.
“Por outro lado, aproveitou para louvar o exemplo português. Falou-se do exemplo da proteção marítima, quer na reserva das ilhas Selvagens, quer nos Açores. E ele também louvou muito o facto de Portugal estar a antecipar metas em termos de clima, porque é um bom exemplo”, relatou.
Nesta reunião estiveram ausentes os conselheiros de Estado Lídia Jorge, António Damásio, Leonor Beleza, o presidente do Tribunal Constitucional, João Caupers, e o primeiro-ministro, António Costa - em sua representação esteve a ministra Mariana Vieira da Silva.