Diário de Notícias

Descompres­são salarial de 2022 custa 14 milhões

FUNÇÃO PÚBLICA Para já, medida chega a um quinto dos assistente­s técnicos. Governo admite impactos faseados numa revisão de tabela salarial.

- Inês Ramires Secretária de Estado da Administra­ção Pública maria.s.caetano@dinheirovi­vo.pt

Aquele que o governo considera “um sinal” dos planos para rever globalment­e as tabelas salariais da função pública vai custar neste ano, em termos brutos, 14 milhões de euros, abrangendo um quinto dos assistente­s técnicos nas administra­ções públicas.

O impacto da medida foi ontem detalhado aos sindicatos pela secretária de Estado da Administra­ção Pública, Inês Ramires, numa segunda ronda negocial no processo que prevê, para já, aumentos para 17 mil administra­tivos, de 709 para 757 euros, com efeitos retroativo­s a janeiro, depois de estas remuneraçõ­es da base da carreira terem ficado a 4,46 euros do salário mínimo no arranque de 2022.

Segundo o governo, a subida será acompanhad­a de uma nova revisão das tabelas de retenção na fonte de IRS para que os rendimento­s líquidos mensais dos trabalhado­res abrangidos não sejam reduzidos. Seria o caso, por exemplo, de um assistente técnico solteiro e sem filhos, que passaria a adiantar cerca de 60 euros de imposto quando, neste momento, se encontra isento.

Já para 2023, o governo prevê elevar o salário de entrada da primeira e da segunda posições remunerató­rias da carreira de técnicos superiores, que enquadram estagiário­s e trabalhado­res nos primeiros anos. Estas remuneraçõ­es subirão, respetivam­ente, de 1007 para 1059 euros e de 1215 para 1068 euros, num ganho bruto de cerca de 52 euros. Serão abrangidos 22 mil trabalhado­res, perto de um terço daqueles que eram contabiliz­ados no primeiro trimestre. Neste segundo passo de descompres­são salarial, a despesa é estimada em 20 milhões.

Também para o próximo ano, fica a valorizaçã­o dos doutorados, que passarão a ter 1632 euros como salário mínimo, numa subida em torno dos 400 euros face ao que recebem atualmente à entrada da carreira de técnico superior. Entre os doutorados colocados já em posições acima deste nível remunerató­rio, haverá também progressão para uma posição superior. A medida chegará a 750 trabalhado­res, custando 3,5 milhões.

As subidas, que visam repor distâncias relativas face à base remunerató­ria da função pública, o salário mínimo, são ainda considerad­as insuficien­tes pelos sindicatos, que pretendem insistir em avanços mais cedo. O Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) vai pedir nova reunião para tentar negociar uma subida para técnicos superiores ainda em 2022, também com retroativo­s a janeiro. O governo admite ponderar, sem compromiss­os.

Inês Ramires rejeitou também a visão de que os aumentos previstos sejam um “remendo”. “É um sinal para um primeiro ponto de partida”, defendeu, remetendo para setembro, mês em que decorrem negociaçõe­s salariais anuais, e prometendo para então uma “perspetiva plurianual” de mexidas na tabela remunerató­ria única.

Face à subida programada do salário mínimo para, pelo menos, 900 euros até 2026, haverá forte compressão salarial, incluindo a anulação integral da carreira de assistente operaciona­l. Sobre a forma como o problema será resolvido, a governante sugere que o governo poderá optar por um processo semelhante ao do descongela­mento de carreiras de 2019. “O impacto de progressõe­s, por exemplo, foi faseado ao longo de dois anos da última vez que houve um descongela­mento. Uma coisa é apresentar­mos soluções, outra coisa é o faseamento do seu impacto ou de efeitos. A perspetiva é a partir de setembro iniciarmos a negociação salarial anual com uma perspetiva plurianual”, disse.

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