TERRORISMO
Salah Abdeslam era o principal acusado e o único sobrevivente do grupo que efetuou os Atentados de Paris, que fizeram 130 mortos em 2015.
Um tribunal francês condenou ontem à prisão perpétua o principal acusado no julgamento dos ataques de novembro de 2015 em Paris, que provocaram 130 mortos.
Salah Abdeslam, o único sobrevivente do grupo que concretizou os atentados, foi condenado a uma pena de prisão perpétua que oferece apenas uma pequena chance de liberdade condicional após 30 anos. Os juízes atenderam à acusação que pediu a pena máxima do Código Penal francês contra Abdeslam, pelo pior atentado em Paris desde a Segunda Guerra Mundial.
Um amigo de infância de Abdeslam, Mohamed Abrini, acusado de fornecer apoio logístico, também foi condenado pelo tribunal a prisão perpétua, com o cumprimento de uma pena mínima de 22 anos. De resto, o tribunal condenou todos os 20 acusados no vasto julgamento pelos ataques jihadistas de novembro de 2015. Os réus, seis deles julgados à revelia, por serem dados como mortos, receberam penas de prisão que variam de dois anos e a prisão perpétua. A leitura do veredicto foi no Palácio de Justiça de Paris, lotado de sobreviventes, familiares das vítimas e jornalistas.
Abdeslam recebeu a maior pena, aplicada apenas por quatro vezes em França até ontem, apesar dos esforços de defesa em apresentá-la como uma “pena de morte social” e garantir que Abdeslam desistiu de detonar os explosivos que carregava junto ao corpo na noite do ataque. “Não sou um assassino e se for condenado por assassinatos, vocês cometerão uma injustiça”, declarou o francês de 32 anos, que voltou a pedir desculpas aos sobreviventes e parentes das vítimas antes da sentença.
Para a Procuradoria Nacional Antiterrorista (PNAT), o principal arguido, preso na Bélgica em 18 de março de 2016, quatro dias antes dos atentados contra o metro e o aeroporto de Bruxelas que provocaram 32 mortos, tentou ativar o cinto de explosivos, mas o mecanismo falhou. “Ele tem as mãos manchadas com o sangue de todas as vítimas”, afirmaram os representantes do Ministério Público.
A prisão perpétua “real” é aplicada em pouquíssimos casos em França. Nos casos anteriores em que foi decretada, desde que foi instaurada em 1994, foram homens condenados por matarem crianças, após as terem violado.