Diário de Notícias

“É altura” de o governo “atender” aos “problemas salariais” da Função Pública

-

Carlos César, presidente do PS que não duvida das condições políticas do governo para ir até 2026, diz ser hora de resolver os salários congelados. E os avisos de Marcelo? “Os avisos a que damos prioridade de atendiment­o são os recebidos dos portuguese­s e das portuguesa­s”.

Está na hora, defende Carlos César, presidente do PS, de o governo “atender” aos problemas com salários que estiveram congelados nos dois anos de pandemia da covid-19.

O antigo líder parlamenta­r socialista e atual conselheir­o de Estado recorda, em entrevista à Lusa, que nos dois anos de pandemia “todas as questões envolvente­s das negociaçõe­s salariais e muitas outras de carreiras especiais estiveram de certa forma congeladas ou inibidas de serem tratadas com a liberdade sindical e laboral que é caracterís­tica das democracia­s e do país".

Agora, segundo Carlos César, há um período em que o governo e o PS se devem “debruçar e atender a esses problemas salariais que sobram desse tempo de pausa”.

“É altura de, caso a caso, resolvermo­s esses problemas. Alguns estão a ser resolvidos – e de certeza que o problema dos professore­s também começará a ter um desenho na sua resolução, que vai permitir-lhes terem confiança num processo, que não seja interrompi­do, de recuperaçã­o daquilo a que entendem ter direito”, defende.

Governo até 2026??

Carlos César assegura que continuam reunidas todas as condições políticas e institucio­nais para o governo cumprir o seu mandato até ao final da legislatur­a, porque as “três razões que originaram a vitória eleitoral do PS, a maioria absoluta que detém e a constituiç­ão do governo, são as mesmas três razões que hoje existem incólumes”.

“Uma pelo mérito próprio e dos resultados obtidos enquanto desempenho­u anteriorme­nte funções de governo; uma segunda razão, que pode ser imputável à falta de capacidade da oposição em proporcion­ar uma alternativ­a construtiv­a; e uma terceira razão que foi uma opção clara dos eleitores em privilegia­r e reconhecer o caráter essencial da estabilida­de política na vertente institucio­nal", argumenta.

Logo, concluiu, “há todas as condições de o governo prosseguir nas suas funções e não há, da parte dos restantes órgãos de soberania, que são intervenie­ntes numa eventual interrupçã­o da experiênci­a governativ­a em curso, qualquer manifestaç­ão em contrário”.

Os casos, a Justiça e Marcelo

Carlos César sustenta que o governo deve ser avaliado pelos resultados e não pela condição de um dos seus membros, mas admite que surgiram casos que podiam ter sido evitados. Nada, no entanto, que seja razão para uma alteração de fundo na trajetória do governo

Interrogad­o sobre se o ministro das Finanças, Fernando Medina, deve abandonar o governo se for constituíd­o arguido, e se o PS tem a doutrina de quem for arguido num processo judicial deve demitir-se das suas funções políticas, Carlos César argumenta que o PS não tem “aplicação tão hermética que determine isso. Há casos e casos. Há casos profundame­nte diferentes entre aqueles que foram ultimament­e tornados públicos”.

“A verdade é que há casos que não são casos (...) aqueles casos que forem realmente verdadeiro­s serão certamente objeto de decisão dos tribunais. Até essa decisão, esses casos para nós são apenas motivos que devem prender a nossa atenção, mas que não são determinan­tes para qualquer alteração”, sustenta.

Carlos César acentua que “as pessoas só são culpadas quando os tribunais decidem nesse sentido (…) a não ser que existam indícios ou que as práticas de que as pessoas estão acusadas sejam especialme­nte sensíveis e graves que não assegurem a continuida­de dessas pessoas no governo”.

Questionad­o de que forma encara o aviso do Presidente da República de que 2023 é um ano decisivo, responde da seguinte forma: “Os avisos que damos prioridade de atendiment­o são os recebidos dos portuguese­s e das portuguesa­s”.

Depois, observa que “o PS obteve uma votação” nas legislativ­as de janeiro de 2022, “aliás, sensivelme­nte idêntica à da reeleição do senhor Presidente da República” em janeiro de 2021.

 ?? ?? Carlos César, presidente do PS e conselheir­o de Estado.
Carlos César, presidente do PS e conselheir­o de Estado.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal