CIÊNCIA VINTAGE
Anualmente, desde 1947, os ponteiros de um relógio singular aproximam-nos ou afastam-nos de uma hipotética tragédia coletiva. O Boletim dos Cientistas Atómicos apresenta-nos a representação gráfica do dia do Juízo Final sob a forma dos ponteiros de um rel
Uma pesquisa na página online do Art Institute of Chicago, museu fundado em 1879, devolve-nos uma mostra de um universo plástico tão diverso como o são os trabalhos de George Seurat, Gustave Caillebotte, Diego Rivera, Edward Hopper, Pablo Picasso, El Greco ou Francis Bacon. Entre alguns dos nomes maiores da criação artística, o acervo com mais de 300 mil obras de arte da instituição sediada em Chicago, nos Estados Unidos, abre-nos caminho para autores e autoras de escala mundial menos óbvia dos atrás expostos. O trabalho de Martyl Suzanne Langsdorf é, eventualmente, um destes casos.
Nascida em St. Louis no ano de 1917, filha da pintora Aimee Schweig e do fotógrafo Martin Schweig, Martyl desenvolveu uma carreira artística em torno da pintura e da litografia, com a participação em mostras relevantes, como o foi a Feira Mundial de Nova Iorque, em 1939-1940. O site do Art Institute of Chicago (AIC) revela-nos 18 trabalhos de Martyl, com recurso a diferentes meios, entre eles o acrílico e a tinta-da-china. Paisagens e também matéria menos tangível como as sinapses humanas, enformam as telas de Martyl, num período que vai da década de 1950 a 2005. A peça que, contudo, arrancou do anonimato o trabalho da então jovem artista norte-americana não está em mostra no AIC, antes na capa de uma publicação nascida na década de 1940, ainda hoje divulgada em formato digital.
A edição de junho de 1947 do Boletim dos Cientistas Atómicos, órgão de informação criado dois anos antes, expôs ao mundo a primeira imagem do Relógio do Juízo Final. Aquele que se tornou, desde então, um contador do tempo metafórico para as ameaças que pesam sobre a humanidade, nasceu do punho
A Martyl afigurou-se-lhe visualmente apelativo que o ponteiro se fixasse nos sete minutos para o fim dos tempos.
Nova-iorquinos em Central Park, ainda sem neve.