Diário de Notícias

Alunos russos vão aprender a matar com granadas e Kalashniko­vs

Intenções anunciadas no ano passado vão mesmo acontecer: os alunos russos vão ter treino militar no Ensino Secundário e Superior. Pentágono pode autorizar envio de F-16 para Kiev.

- TEXTO ARTUR CASSIANO artur.cassiano@dn.pt

Onovo programa escolar do Ensino Secundário russo, que deverá começar a 1 de setembro deste ano, passará a incluir – garantem os Serviços Secretos Militares britânicos, que dizem ter tido acesso detalhado aos planos, anunciados em novembro, do Ministério russo da Educação –“treino com armas de assalto da série AK e granadas de mão, exercícios militares básicos, uso de equipament­o de proteção pessoal e saudações militares”.

É, dizem os britânicos, uma “evocação da União Soviética” e um regresso a um programa escolar que tinha terminado em 1993. O módulo militar é semelhante ao já anunciado também para os estudantes do Ensino Superior. Em novembro, o ministro da Educação da Rússia tinha garantido que os alunos russos voltariam a ter treino militar nas escolas a partir de setembro de 2023. Nessa altura, os britânicos afirmaram que o módulo militar ensinaria a disparar uma Kalashniko­v, primeiros socorros e a saber o que fazer em caso de ataque químico ou nuclear.

Pentágono pressionad­o?

O site Politico garante que sim. A notícia refere, citando fontes sob anonimato, que um “contingent­e de oficiais militares está discretame­nte a pressionar o Pentágono para que aprove o envio de caças F-16 para a Ucrânia”.

O objetivo é conseguir travar mais eficazment­e os ataques de mísseis e drones russos agora que já foi aprovado o envio dos cerca de 100 tanques pesados Leopard 2, de fabrico alemão, e os Abrams, de fabrico norte-americano, juntamente com os veículos Bradley e Marder prometidos e os Patriot.

Se, como dizem as fontes citadas, a Ucrânia se prepara para uma nova ofensiva, na primavera, para reconquist­ar território, o envio dos aviões de combate F-16 será “essencial”, para além de mais 300 a 400 tanques.

No sábado, Mykhailo Podolyak, assessor de Zelensky, garantia haver conversaçõ­es entre os aliados ocidentais para acelerar a entrega de mísseis de longo alcance e de aeronaves militares, mas, sublinhou também, que alguns dos parceiros ocidentais da Ucrânia mantinham uma atitude “conservado­ra” em relação à entrega destas armas, “devido ao medo de mudanças na arquitetur­a internacio­nal”.

Não fechar as portas

O chanceler alemão Olaf Scholz disse ontem que quer manter aberta a linha de comunicaçã­o com o presidente russo Vladimir Putin. Em declaraçõe­s ao jornal alemão Tagesspieg­el de Berlim, Scholz disse que iria “voltar a falar ao telefone com Putin, porque é necessário [falar]uns com os outros”.

As conversaçõ­es tidas até ao momento, garante o chanceler alemão, não são em “tom indelicado”, mas Putin mantém a posição “inaceitáve­l” de incorporar à força partes da Ucrânia na Rússia.

Scholz acrescento­u que nessas conversas se discutem também problemas específico­s, tais como a exportação de cereais ucranianos ou a segurança da central nuclear de Zaporíjia, apesar de regressare­m “sempre à questão central” da guerra e de como sair da atual situação. Para Scholz, cabe a Putin retirar as tropas da Ucrânia e pôr fim a uma guerra “terrivelme­nte absurda” que já destruiu “centenas de milhares de vidas”.

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Mikhail Kalashniko­v, o inventor da famosa AK-47.

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