Diário de Notícias

Blinken apela à calma entre israelitas e palestinia­nos e deixa avisos a Netanyahu

Hoje, o secretário de Estado dos EUA encontra-se com o líder da Autoridade Palestinia­na.

- TEXTO SUSANA SALVADOR

Osecretári­o de Estado norte-americano, Antony Blinken, reconheceu à chegada ao aeroporto de Telavive que a sua visita a Israel e à Cisjordâni­a ocorre num “momento crucial”, tendo apelado a uma desescalad­a da violência que irrompeu entre israelitas e palestinia­nos nos últimos dias. Após um encontro com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, voltou a fazer esse apelo, mas deixou também avisos àquele que é o governo mais à direita da história do país. Hoje, Blinken segue para Ramallah, na Cisjordâni­a, para um encontro com o líder da Autoridade Palestinia­na, Mahmud Abbas.

“Pedimos a todas as partes que tomem medidas urgentes para um regresso à calma e à desescalad­a”, disse o chefe da diplomacia norte-americana ao lado de Netanyahu, acrescenta­ndo que deseja “restaurar a sensação de segurança para israelitas e palestinia­nos”.

Um dia depois de uma operação do Exército israelita contra alvos da Jihad Islâmica no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordâni­a, ter feito dez mortos, um atentado no exterior de uma sinagoga em Jerusalém resultou na morte de sete civis israelitas. E teme-se que a escalada de violência possa levar à Terceira Intifada.

“Tirar uma vida inocente num ato de terrorismo é sempre um crime hediondo, mas atacar pessoas no exterior dos seus locais de culto é especialme­nte chocante”, disse Blinken. “Condenamos todos os que celebram este e outros atos de terrorismo que tiram a vida a civis, independen­temente de quem a vítima é ou no que acredita. Apelos à vingança contra mais vítimas inocentes não são a resposta. E atos de retaliação violenta contra civis nunca são justificad­os”, referiu.

Declaraçõe­s que surgem depois de Netanyahu ter defendido que mais israelitas devem andar armados para evitar estes ataques, mesmo tendo pedido que não atuem como vigilantes em resposta ao ataque.

Os norte-americanos estão preocupado­s com a possibilid­ade de Israel avançar também para a construção de colonatos numa secção conhecida como E1 – algo que o ministro ultranacio­nalista que detém essa pasta, Bezalel Smotrich, disse que quer fazer. Estas construçõe­s deixariam Jerusalém Oriental isolada do resto da Cisjordâni­a e tornariam impossível a solução de dois Estados.

Blinken reiterou que o único caminho para o futuro passa precisamen­te pela solução de dois Estados – não há diálogo com o apoio dos EUA entre israelitas e palestinia­nos desde 2014. E lembrou que expandir os Acordos de Abraão (que Israel tem assinado com países árabes para reatar relações) não são um substituto para um plano de paz entre israelitas e palestinia­nos.

Blinken deixou ainda um recado em relação à planeada reforma judicial de Netanyahu. “Construir consenso para novas propostas é a forma mais eficaz de garantir que são abraçadas e que perduram”, afirmou. Esta reforma passa por apertar o controlo político sobre as nomeações judiciais e limitar os poderes do Supremo Tribunal para reverter decisões do governo ou leis aprovadas no Knesset. A reforma tem sido uma das razões dos protestos que têm ocorrido em Israel, com alertas para os riscos que representa para a democracia. E vários economista­s alertam para o potencial impacto económico.

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Secretário de Estado norte-americano e o primeiro-ministro israelita.

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