ENTREVISTA
Primeiro-ministro admite: “Aprendi muito neste último ano.” No seu entender, o facto de o PS ter ganho com maioria absoluta há um ano fez “aumentar o escrutínio”.
António Costa assumiu erros do seu governo no início deste ano.
Oprimeiro-ministro admitiu ontem, entrevistado na RTP 1, a instabilidade interna que tem atingido o seu Governo. “O Governo pôs-se a jeito, cometeu erros”, disse – mas ressalvando porém que os maiores problemas que enfrentou não foram esses mas “a guerra na Ucrânia e a consequente inflação que tem abalado o nosso país”.
“A maioria absoluta aumentou o escrutínio. Como governante aprendi muito neste último ano”, disse António Costa, sublinhando que as razões das várias demissões no Governo não foram todas iguais: “Houve pessoas que saíram por doença e outras por problemas de ética ou judiciais.”
O chefe do Governo procurou, no entanto, sublinhar sempre que mais grave que a agitação interna
no Governo foi, do ponto de vista dos interesses dos portugueses, a crise inflacionária, recordando a dado passo na entrevista que o Executivo aplicou 6400 milhões de euros em medidas de mitigação dos efeitos dessa crise.
Insistentemente questionado sobre que condição judicial pode obrigar um ministro a demitir-se – perguntas feitas no contexto da investigação que está a ser feita à Câmara de Lisboa no tempo em que era presidida pelo atual ministro das Finanças, Fernando Medina –, Costa admitiu que se um governante for acusado judicialmente “em princípio” deve sair. Contudo, “depende”, nomeadamente tendo em conta os crimes de que estiver acusado. “Fernando Medina não foi ouvido, nem constituído arguido quanto mais acusado. Sem especular sobre casos concretos, as situações dependerão de caso para caso. A questão fundamental é saber se as pessoas mantêm capacidade para exercício da função ou não”, disse, argumentando ainda que “ser arguido não é ser pré-condenado”. Quanto ao questionário prévio que os futuros governantes terão de fazer no momento do convite, o chefe do Governo acabou por reconhecer que afinal os atuais governantes até já responderam às suas perguntas (uma exigência que o Presidente da República tem vindo a fazer). “Cada um dos membros do Governo foi colocando a si próprio as questões do questionário”, disse, revelando que no Conselho de Ministros o questionário foi “muito discutido”, com contributos de todos.