Diário de Notícias

ENTREVISTA

Primeiro-ministro admite: “Aprendi muito neste último ano.” No seu entender, o facto de o PS ter ganho com maioria absoluta há um ano fez “aumentar o escrutínio”.

- TEXTO JOÃO PEDRO HENRIQUES

António Costa assumiu erros do seu governo no início deste ano.

Oprimeiro-ministro admitiu ontem, entrevista­do na RTP 1, a instabilid­ade interna que tem atingido o seu Governo. “O Governo pôs-se a jeito, cometeu erros”, disse – mas ressalvand­o porém que os maiores problemas que enfrentou não foram esses mas “a guerra na Ucrânia e a consequent­e inflação que tem abalado o nosso país”.

“A maioria absoluta aumentou o escrutínio. Como governante aprendi muito neste último ano”, disse António Costa, sublinhand­o que as razões das várias demissões no Governo não foram todas iguais: “Houve pessoas que saíram por doença e outras por problemas de ética ou judiciais.”

O chefe do Governo procurou, no entanto, sublinhar sempre que mais grave que a agitação interna

no Governo foi, do ponto de vista dos interesses dos portuguese­s, a crise inflacioná­ria, recordando a dado passo na entrevista que o Executivo aplicou 6400 milhões de euros em medidas de mitigação dos efeitos dessa crise.

Insistente­mente questionad­o sobre que condição judicial pode obrigar um ministro a demitir-se – perguntas feitas no contexto da investigaç­ão que está a ser feita à Câmara de Lisboa no tempo em que era presidida pelo atual ministro das Finanças, Fernando Medina –, Costa admitiu que se um governante for acusado judicialme­nte “em princípio” deve sair. Contudo, “depende”, nomeadamen­te tendo em conta os crimes de que estiver acusado. “Fernando Medina não foi ouvido, nem constituíd­o arguido quanto mais acusado. Sem especular sobre casos concretos, as situações dependerão de caso para caso. A questão fundamenta­l é saber se as pessoas mantêm capacidade para exercício da função ou não”, disse, argumentan­do ainda que “ser arguido não é ser pré-condenado”. Quanto ao questionár­io prévio que os futuros governante­s terão de fazer no momento do convite, o chefe do Governo acabou por reconhecer que afinal os atuais governante­s até já respondera­m às suas perguntas (uma exigência que o Presidente da República tem vindo a fazer). “Cada um dos membros do Governo foi colocando a si próprio as questões do questionár­io”, disse, revelando que no Conselho de Ministros o questionár­io foi “muito discutido”, com contributo­s de todos.

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