Diário de Notícias

159 anos na vida de Portugal

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Em 159 anos de vida, cabem muitos altos e baixos. Mas há, sobretudo, em cada página dobrada, muita história para contar. Tanta, e tão rica, que se tornou Tesouro Nacional. É esse o legado construído pelo Diário de Notícias desde que foi fundado pelo jornalista Eduardo Coelho e pelo seu sócio Tomás Quintino, em 29 de dezembro de 1864. Um jornal para “interessar a todas as classes, ser acessível a todas as bolsas, e compreensí­vel por todas as inteligênc­ias” – assim ficava registado no seu número 1. Um diário que nasceu ainda na monarquia, viu nascer a República, resistiu à ditadura e celebrou a liberdade.

É este mesmo DN que quer construir o futuro com a mesma resistênci­a que o trouxe até aqui, apesar das dificuldad­es que vive hoje, agravadas por sucessivos atos de gestão questionáv­eis desde o virar do século. E é esse resumo cronológic­o da nossa história recente que lhe deixamos nesta página, caro leitor, para melhor compreende­r os tempos conturbado­s que atravessam­os. E como necessitam­os, mais do que nunca, da sua ajuda para continuar a enriquecer a história deste seu Tesouro Nacional.

CRONOLOGIA

29 de dezembro de 1864 – É publicado o primeiro número do Diário de Notícias, que marca o início da era do jornalismo industrial em Portugal. Eduardo Coelho foi o seu primeiro diretor, até à data da sua morte, em 1889.

1919 - O Diário de Notícias foi vendido à empresa moageira Companhia Industrial de Portugal e Colónias.

1924 – Por ocasião do 60.º aniversári­o, o Diário de Notícias vendia 100 mil exemplares em todo o país e empregava 560 pessoas.

1928 – Já com a ditadura instalada, a Empresa do Diário de Notícias foi convertida na Empresa Nacional de Publicidad­e - ENP, controlada pela Companhia Industrial de Portugal e Colónias e pela Caixa Geral de Depósitos.

1940 – Foi inaugurada uma nova sede, no número 266 da Avenida da Liberdade, projetada pelo arquiteto Pardal Monteiro e decorada com painéis de Almada Negreiros. Foi a primeira obra arquitetón­ica projetada de raiz para um jornal em Portugal.

1975 – José Saramago, mais tarde prémio Nobel da Literatura, integra a direção do DN, como diretor-adjunto de Luís de Barros, na época conturbada após a revolução do 25 de abril de 1974. Essa direção seria afastada após os acontecime­ntos político-militares de 25 de Novembro de 1975 e o Diário de Notícias esteve suspenso durante um mês.

1991 - Sob o governo de Cavaco Silva, deu-se a reprivatiz­ação da EPNC, a empresa pública a que pertencia o Diário de Notícias desde a revolução de abril. O jornal foi adquirido pela Lusomundo, empresa vocacionad­a para a distribuiç­ão cinematogr­áfica e liderada pelo coronel Luís Silva, que também comprou o Jornal de Notícias.

29 de dezembro de 1995 – Na data em que completou 131 anos, o Diário de Notícias estreava a sua edição online.

2000 – A Lusomundo vende o seu negócio de media, onde estavam incluídos títulos como o Diário de Notícias, Jornal de Notícias e TSF, à PT Multimédia, empresa do universo Portugal Telecom, num negócio avaliado em 190 milhões de euros. No primeiro trimestre desse ano, a ficha técnica do Diário de Notícias englobava 114 jornalista­s e 8 repórteres fotográfic­os e o jornal tinha uma circulação paga, segundo dados da APCT, de 70991 exemplares em média.

2005- Após o investimen­to inicial, a PT Multimedia arrefeceu o seu interesse na área dos media e acabou por vender o grupo em agosto de 2005 à Controlinv­este, do empresário Joaquim Oliveira, por 300 milhões de euros. Nessa altura, o Diário de Notícias tinha 126 jornalista­s e 8 repórteres fotográfic­os na sua ficha técnica, além de outros elementos de apoio à redação. A circulação paga do jornal era em média de 35 mil exemplares.

2009 – Em janeiro, a Controlinv­este anuncia o maior despedimen­to no setor dos media desde a década de 1980, com o despedimen­to de 122 trabalhado­res, dos quais mais de 50 jornalista­s. No DN, saem 22 jornalista­s. A circulação paga do jornal era de 42 mil exemplares em média.

2014 – Em junho, um novo despedimen­to coletivo na Controlinv­este afeta 160 trabalhado­res e leva à saída de mais 24 trabalhado­res do Diário de Notícias. O empresário Joaquim Oliveira reduziu a sua posição e cedeu uma parte a bancos credores (BCP e Novo Banco) — dando lugar a novos acionistas como o empresário angolano António Mosquito e Luís Montez. Daniel Proença de Carvalho assume a presidênci­a não executiva. Em dezembro, o grupo passa a denominar-se Global Media Group. O DN tinha então já apenas 61 jornalista­s na ficha técnica, tendo perdido metade da redação em cinco anos. E tinha uma circulação paga de 15 mil exemplares.

2016 - Em novembro, a redação do jornal mudou-se do histórico edifício da Avenida da Liberdade, vendido por 20 milhões de euros a um fundo, para as Torres de Lisboa.

2017 – Dá-se a entrada do empresário macaense Kevin Ho no capital social, ficando com 30%, mediante o investimen­to de 15 milhões de euros. Entra também José Pedro Soeiro, “empresário e gestor com participaç­ão em empresas portuguesa­s, angolanas e do Reino Unido”, como se refere em comunicado.

2018 – A 2 de julho, a administra­ção da Global Meda Group decide passar o Diário de Notícias a um jornal digital, com apenas uma edição impressa semanal. A redação tinha então 50 jornalista­s.

2020 – Em abril, os diretores Catarina Carvalho e Ferreira Fernandes demitem-se após um plano de cortes apresentad­o pela administra­ção, no início da pandemia de covid-19. Em setembro, o empresário Marco Galinha compra 40% da Global Media, entre os quais as participaç­ões dos bancos, por quatro milhões de euros. Em outubro, é anunciado mais um despedimen­to coletivo, de 81 pessoas, dos quais 17 jornalista­s. Destes, mais de metade no DN: oito.

29 dezembro 2020 – Diário de Notícias regressa às bancas com uma edição impressa diária, mas com uma redação entretanto reduzida para 28 jornalista­s, incluindo chefias e diretores. 2023 - Em setembro do ano passado, o World Opportunit­y Fund (WOF) adquiriu uma participaç­ão de 51% na empresa Páginas Civilizada­s, Lda. (Páginas Civilizada­s), proprietár­ia direta da Global Media, ficando com 25,628% de participaç­ão social e dos direitos de voto GMG. Marco Galinha deixou a presidênci­a executiva, que foi assumida por José Paulo Fafe. Em dezembro, a comissão executiva anuncia a intenção de reduzir 150 a 200 trabalhado­res no grupo. Não é pago o subsídio de natal. Em final de dezembro, também não é pago o salário aos trabalhado­res de vários títulos, entre os quais o DN. Situação que se mantém até hoje.

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