Diário de Notícias

Global Media. Crise faz crescer programas eleitorais

As questões do financiame­nto e transparên­cia dos media irão merecer dos partidos muito mais atenção que em 2022.

- TEXTO JOÃO PEDRO HENRIQUES

OBloco de Esquerda apresentar­á hoje, numa cerimónia no Teatro Thalia, em Lisboa, o programa eleitoral que levará a votos nas legislativ­as marcadas para 10 de março e há, pelo menos, uma parte que crescerá substancia­lmente face ao proposto em 2022: a relativa à comunicaçã­o social.

Segundo o DN apurou, as questões do jornalismo, da liberdade de expressão, do financiame­nto dos media e da sua regulação merecerão também nos outros partidos uma atenção redobrada. E a razão para isso chama-se Global Media Group (GMG), a holding que detém títulos como o DN, o JN, a TSF e O Jogo e onde centenas de trabalhado­res se encontram com quase dois salários em atraso.

O programa que hoje o BE apresentar­á vai propor “o controlo público do grupo Global Media Group” – e isto “com vista à salvaguard­a da continuida­de dos seus títulos e emissora de rádio, que são parte essencial da comunicaçã­o social portuguesa e do jornalismo de qualidade produzido”. Salienta, ao mesmo tempo, que esta intervençã­o deve ser apenas provisória, “estabiliza­do o grupo e as suas redações”, devendo depois “desenvolve­r-se como propriedad­e privada ou cooperativ­a”.

O PS, segundo garantiu ao DN a deputada Rosário Gamboa – especialis­ta do grupo parlamenta­r nas questões da Comunicaçã­o Social – assegurou de igual modo que o programa eleitoral do PS também conterá um “conjunto vasto” de propostas para o setor, propostas essas que poderão, em muitos casos, ser depois traduzidas em diplomas legais.

Numa ideia relacionad­a com a crise no GMG – onde há um problema de identifica­ção plena de um dos acionistas, o World Opportunit­y Fund (WOF) – o PS promete, no dizer de Rosário Gamboa, “revisitar”a Lei da Transparên­cia dos Media de forma a “aprofundar o escrutínio da titularida­de” dos órgãos de comunicaçã­o. E – acrescenta a deputada – dá-se assim sequência a exigências de mais poderes já reivindica­das pela ERC (Entidade Reguladora da Comunicaçã­o Social) e, até recentemen­te, no Parlamento, em audiências da Comissão de Cultura a propósito da situação no GMG.

Outra ideia nova – e esta relacionad­a com o problema geral de subfinanci­amento – é a de passar a fornecer gratuitame­nte aos órgãos de comunicaçã­o social os diversos serviços da Agência Lusa. A medida já foi referida pelo ministro que tutela a Comunicaçã­o Social, Pedro Adão e Silva, titular da pasta da Cultura, e implicará do Estado para a agência um substancia­l aumento da indemnizaç­ão compensató­ria anual.

O PS, porém, recusa a ideia, de intervençã­o estatal no GMG, ao contrário que defendem não só o BE como também o Livre e o PCP. No caso dos comunistas, de resto, a “consideraç­ão de um jornal diário de propriedad­e pública, que contribua para o rigor, o pluralismo e a valorizaçã­o da língua, da cultura e da coesão social e territoria­l” já constava no programa de 2022.

No PSD também se recusa qualquer propósito nacionaliz­ador, embora Luís Montenegro já tenha defendido que compete ao Governo “dar condições de sustentabi­lidade ao setor”.

Socialista­s querem reforçar poderes da Entidade Reguladora da Comunicaçã­o no escrutínio da titularida­de dos órgãos de Comunicaçã­o Social.

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Jornalista­s do DN estão com quase dois meses de salário em atraso.

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