Diário de Notícias

Japão tornou-se o quinto país a pousar na Lua após ter falhado missão no ano passado

Nipónicos sucedem a EUA, Rússia (na era soviética), China e Índia. Sonda vai captar imagens e mapear crateras.

- TEXTO DAVID PEREIRA

OJapão tornou-se ontem o quinto país a pousar na Lua, depois de Estados Unidos, Rússia (na era soviética), China e Índia.

A sonda SLIM (Módulo de Pouso Inteligent­e para Investigar a Lua, na sigla em inglês) pousou na lua de forma bem-sucedida às 15.20 (hora de Lisboa), segundo a Agência Espacial Japonesa, a Jaxa.

No entanto, a sonda teve um problema na alunagem e está a usar as baterias, uma vez que o módulo lunar não está a gerar eletricida­de através dos seus painéis solares. As baterias devem durar apenas algumas horas, pelo que os especialis­tas da Jaxa estavam a trabalhar no sentido de colocar os geradores solares a funcionar. Ainda assim, a sonda está a conseguir comunicar com a Terra, segundo a agência.

“Cremos que o pouso suave, em si, foi bem-sucedido, pois a sonda enviou dados de telemetria, o que significa que a maioria dos equipament­os a bordo está a operar”, referiu Hitoshi Kuninaka, diretor do Instituto de Ciências Espaciais e Astronáuti­cas da Jaxa.

Estatistic­amente, está provado que é muito difícil pousar com segurança no satélite natural da Terra, uma vez que apenas cerca de metade de todas as tentativas tiveram sucesso.

O computador de bordo do módulo usará processame­nto rápido de imagens e mapeamento de crateras para tentar chegar a 100 metros do ponto de pouso alvo, mas não se espera que a SLIM funcione por muito tempo na superfície lunar. A sonda lunar SLIM esteve mais de duas décadas em desenvolvi­mento e, depois de ter sido colocada em órbita em setembro do ano passado, conseguiu alunar.

No ano passado, uma empresa privada japonesa, a Ispace, tentou alcançar a Lua, mas a sua nave Hakuto-R caiu quando o computador de bordo ficou confuso sobre a sua altitude acima do satélite da Terra, tendo desligado o seu sistema de propulsão mais cedo, presumindo que a superfície havia sido alcançada quando, na realidade, ainda tinha mais cinco quilómetro­s pela frente.

Há pouco mais de uma semana, a empresa privada americana Astrobotic descartou a nave de pouso Peregrine na atmosfera terrestre, mas uma falha de propulsão impediu-a de tentar fazer uma tentativa de alunagem.

O Japão tem procurado aumentar o seu protagonis­mo na geopolític­a espacial, através de parcerias com os Estados Unidos em resposta aos avanços tecnológic­os e militares da China. Antes, a agência espacial japonesa já havia pousado em dois pequenos asteroides.

A Índia havia sido o último país a conseguir uma alunagem, depois da Chandrayaa­n-3 ter pousado no polo Sul da Lua em agosto do ano passado, na sequência de uma corrida espacial contra a Rússia, cuja sonda Luna-25 não chegou a pousar. Foi a primeira sonda lançada pela Rússia com destino à Lua desde 1976.

O polo sul da Lua é precisamen­te a região onde os Estados Unidos querem colocar em dezembro de 2025 a primeira astronauta mulher e o primeiro astronauta negro, ao abrigo do novo programa lunar Artemis. Apenas os Estados Unidos tiveram astronauta­s na superfície da Lua, entre 1969 e 1972, todos homens, no âmbito do programa Apollo.

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Sonda SLIM pousou na Lua às 15.20 de ontem (hora de Lisboa).

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