Diário de Notícias

Portugal na encruzilha­da ainda sem saber o desfecho do processo do TGV

Atualmente a operar apenas duas linhas internacio­nais, o país terá em breve a ligação Sines-Caia a funcionar. Alta-velocidade Porto-Lisboa pode, no entanto, sofrer um revés.

- TEXTO RUI MIGUEL GODINHO

Oano começou com a novidade de que as ligações ferroviári­as de alta-velocidade em Portugal iam, finalmente, avançar. A 9 de janeiro, o Parlamento aprovava, apenas com a abstenção do Chega, uma resolução do PS que propunha ao Governo dar início aos procedimen­tos para que tomasse “todos os passos necessário­s ao lançamento do concurso para o primeiro troço da Linha de Alta-Velocidade”, entre Porto e Lisboa. O ainda primeiro-ministro António Costa disse tratar-se de “um dia histórico”.

No entanto, a decisão ainda não está fechada e o PSD pode operar um volte-face, caso seja Governo, após as legislativ­as de março. A decisão foi anunciada pelo coordenado­r do Conselho Estratégic­o Nacional (CEN), no programa Casa Comum, da Renascença. Pedro Duarte afirmou que, caso os sociais-democratas cheguem ao poder, vão reavaliar a questão, “como é evidente, até em nome do sentido de responsabi­lidade nacional”. Com isto, disse, o compromiss­o que o PSD fez ao votar a favor da resolução do PS foi apenas para poder haver uma candidatur­a a fundos comunitári­os, sendo preciso avaliar “os compromiss­os assumidos”. Isto, apesar de o PSD não conhecer “as fases, nem os prazos do projeto”.

Ainda assim, convergem numa posição: “O país precisa de modernizar e de reforçar a ferrovia em termos gerais e, particular­mente, a ligação entre o Porto e Lisboa.” Esta tem sido a regra, até, a nível europeu, com vários países a apostarem na modernizaç­ão da ferrovia, em detrimento de um reforço de outros meios, como os aviões, com o objetivo de tentar reduzir as emissões poluentes, parte importante do combate às alterações climáticas.

Em breve (a conclusão está prevista para o início de 2025), Portugal terá ao dispor a ligação Sines-Caia, parte do Corredor Internacio­nal do Sul. Inicialmen­te pensada para operar apenas carga, sabe-se agora que também poderá levar passageiro­s. Segundo disse o secretário de Estado das Infraestru­turas, Frederico Francisco, esta será a primeira ligação considerad­a de alta-velocidade em todo o país.

Ligações internacio­nais são escassas

Além da alta-velocidade, outra das prioridade­s a médio/longo prazo, em termos de ferrovia, passa também por reforçar as ligações internacio­nais.

Quando a pandemia de covid-19 surgiu, um dos serviços internacio­nais que existiam – o Sud Expresso – foi suspenso. Entretanto, a composição que fazia o serviço foi devolvida à empresa ferroviári­a espanhola (Renfe), dando a entender que não há planos para voltar a operar este serviço.

Com isto, Portugal viu as suas ligações internacio­nais limitadas. Neste momento, operam apenas duas, ligando a Espanha: Porto-Vigo (partilhada entre a CP e a Renfe) e Entroncame­nto-Badajoz (feita exclusivam­ente pela CP).

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Há neste momento duas ligações internacio­nais a operar (Porto-Vigo e Entroncame­nto-Badajoz).

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