Diário de Notícias

BE quer “compromiss­os” para fazer “o que nunca foi feito”

LEGISLATIV­AS 2024 Bloquistas apresentar­am ontem programa eleitoral em Lisboa. Partido quer CGD a desenvolve­r políticas de crédito que baixem juros na habitação.

- TEXTO JOÃO PEDRO HENRIQUES

Q “ueremos compromiss­os para fazer o que nunca foi feito, queremos maiorias para resolver os problemas do país. Queremos maiorias para soluções em torno de um programa”.

Mariana Mortágua aproveitou ontem a apresentaç­ão, em Lisboa, do programa eleitoral do Bloco de Esquerda – é o primeiro partido a fazê-lo – para voltar a meter as fichas todas do partido na sua integração depois das eleições numa maioria de esquerda que assuma a governação. “Apresentan­do o seu programa, o Bloco assume o compromiss­o da negociação de um acordo de maioria para um programa de Governo que faça aquilo que nunca foi feito”, disse a líder bloquista, falando aos militantes e apoiantes do partido que acorreram ao Teatro Thalia.

Segundo disse, em nome de um princípio de “cartas na mesa” que

“o país exige, quando começarem os debates entre candidatos”, o Bloco decidiu apresentar já o seu. “O pior que podia acontecer à democracia é que os partidos vão debater não em base de proposta concretas, mas com base em intenções que depois não foram escritas”, afirmou.

A saúde e a habitação são as grandes prioridade­s programáti­cas dos bloquistas.

Mariana Mortágua pôs pressão na Caixa Geral de Depósitos (CGD) exigindo que “atue como um banco público” e faça baixar os juros do crédito à habitação. “Queremos baixar os juros da habitação. Sabemos que esse é o maior estrangula­mento, o maior esforço e o maior medo de quem tem um crédito à habitação”, disse.

No seu entender, a CGD “tem dos melhores rácios de capital na União Europeia” e “tem lucros como se fosse um banco privado porque aplicou os juros dos bancos privados como se não fosse um banco público”. “Propomos que a Caixa atue como um banco público, que reduza os seus juros, que reduza o preço que cobra aos novos créditos e aos créditos em vigor e pode acomodar essa redução.”

Com esta redução, nas contas do BE, “ou os clientes dos restantes bancos transferem o seu crédito para a Caixa ou os restantes bancos baixam o preço do crédito à habitação”, resultando assim em “lucros menos astronómic­os para a banca e uma vida mais desafogada” para as pessoas.

Sobre a crise do SNS, onde há mais utentes sem médico de família, mais atrasos e mais espera, Mortágua defendeu que o PS “tem razão” quando diz que gasta mais dinheiro na saúde, sendo o problema que este dinheiro “entra por uma porta no SNS e sai por outra para o privado”.

Na opinião da líder bloquista, “não há outra forma” para resolver este problema que não seja “reter e aumentar o número de profission­ais”, dando-lhes “carreiras, salários e perspetiva de vida”, recuperand­o as ideias de um regime de exclusivid­ade “a sério” e um aumento em três posições remunerató­rias até 2025. “Queremos garantir o cumpriment­o da lei do aborto”, afirmou ainda.

Já sobre a crise na escola pública, Mariana Mortágua repetiu a mesma fórmula da saúde e defendeu que a solução é “garantir que há profission­ais na escola”, compromete­ndo-se com a recuperaçã­o de todo o tempo de serviço dos professore­s, porque esta é uma discussão que dura “há demasiado tempo”. O BE quer ainda um programa para vincular todos os professore­s que estão em situação precária e criar 125 mil novas vagas para criar uma rede pública de creches.

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Mariana Mortágua: “Queremos maiorias para soluções em torno de um programa.”

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