Biden marca terceiro aniversário na Casa Branca já em modo campanha
Sondagens não são animadoras para o presidente democrata, apesar dos números positivos da economia obtidos nestes anos. Aposta na defesa do direito ao aborto arranca esta semana.
H “oje marca três anos desde que KamalaHarris e eu tomámos posse, e desde então passamos todos os dias a lutar pelos trabalhadores americanos. Desde a limitação dos custos dos medicamentos sujeitos a receita médica e dos investimentos históricos em infraestruturas, até ao tornar os cuidados de saúde mais acessíveis e ao cancelamento de mais de 130 mil milhões de dólares em dívidas estudantis, estamos a fazer enormes progressos – e estamos prontos para terminar o trabalho.” Esta foi a mensagem deixada este sábado por Joe Biden no Instagram para marcar o terceiro aniversário da sua tomada de posse como presidente dos Estados Unidos, numa altura em que o democrata já anda em pré-campanha para as eleições de novembro onde irá, muito provavelmente voltar a enfrentar Donald Trump.
E não vai ser uma campanha e uma eleição fácil para o democrata, que completará 82 anos cerca de duas semanas depois de os norte-americanos escolherem quem querem ver como presidente. As sondagens revelam que a popularidade de Joe Biden está em níveis historicamente baixos e que, mesmo dentro do seu partido, são muitos os que duvidam que consiga bater o adversário republicano a 5 de novembro.
Uma sondagem YouGov divulgada há poucos dias pela CBS referia que qualquer um dos três principais candidatos republicanos à nomeação – Trump (50/48), Ron DeSantis (51/48) e Nikki Haley (53/45) – poderia vencer Biden e que Trump seria até aquele com uma menor vantagem sobre o democrata.
Um dos grandes problemas de Joe Biden tem sido conseguir convencer os americanos de que o seu mandato tem sido um sucesso – a mesma sondagem YouGov mostra que quando questionados sobre “como sentem que estão hoje as coisas nos Estados Unidos”, 34% respondeu muito mal, 33% relativamente mal, 27% relativamente bem e apenas 6% disse estar muito bem.
Mas a verdade é que um dos sucessos da Administração Biden é a economia: a taxa de desemprego está nos 3,7%, depois de ter chegado aos 15% no início da pandemia (ainda na Administração Trump) – foram criados um recorde de 14 milhões de empregos em três anos –; a recessão prevista por analistas que chegaria em 2023, nunca se materializou; a bolsa de Wall Street fechou o ano perto de níveis recorde, a inflação está a baixar e os americanos estão a recuperar o seu poder de compra.
Mesmo assim, os eleitores têm manifestado a ideia de que todos estes indicadores positivos não são suficientes para voltarem a dar um voto de confiança a Joe Biden, sendo que, ao mesmo tempo, as sondagens mostram que também não confiam no que os republicanos têm para oferecer, e que estarão dispostos a escolher a opção menos má a 5 de novembro.
A seu favor, Joe Biden tem também uma enorme capacidade de angariar fundos para a sua campanha, que se adivinhará longa e dispendiosa, a que se junta o facto de a rica comunidade judaica nos Estados Unidos estar unida em torno do presidente, em parte graças ao apoio que tem sido dado a Israel na luta contra o Hamas.
Um dos seus pontos fracos é a quebra de popularidade junto daqueles que foram determinantes para a sua eleição em 2020 – minorias étnicas, independentes, jovens e mulheres. Para tentar reverter esta situação, principalmente junto destes dois últimos grupos, Biden vai aproveitar o 51.º aniversário do reconhecimento do direito constitucional ao aborto nos Estados Unidos (Roe v.Wade), entretanto revertido, para trazer o assunto para o centro da campanha.
“Em 2024, um voto em Joe Biden e Kamala Harris é um voto para restaurar o Roe, e um voto em Donald Trump é um voto para proibir o aborto em todo o país”, disse esta semana à AP Julie Chavez Rodriguez, a gestora da campanha de Biden. “Essas são as apostas em 2024 e continuaremos a garantir que cada eleitor saiba disso.”
Para que isto aconteça, além de anúncios, estão marcados dois eventos para amanhã (um com Biden e outro com a vice-presidente Kamala Harris) e um grande comício para terça-feira em que os dois estarão presentes.