Diário de Notícias

“Nacionaliz­ação” das eleições regionais põe lideranças nacionais a voar para os Açores

Aliança Democrátic­a e PS encaram embate de 4 de fevereiro como um laboratóri­o para as eleições legislativ­as de 10 de março. Mas também nas restantes forças políticas haverá empenho dos líderes para obter o melhor resultado. Dos 57 deputados da Assembleia

- TEXTO LEONARDO RALHA

Ainda não está completame­nte garantido que Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro estarão em pontos diferentes de Ponta Delgada no encerramen­to da campanha das eleições regionais dos Açores, que vão realizar-se a 4 de fevereiro, mas não subsiste a menor dúvida de que a disputa entre a Aliança Democrátic­a, que procura manter no poder o social-democrata José Manuel Bolieiro, e o PS, que pretende voltar a levar Vasco Cordeiro à presidênci­a do Governo Regional, será encarada como uma espécie de laboratóri­o das legislativ­as que decorrerão pouco mais de um mês depois.

Com as agendas dos dois mais prováveis candidatos a primeiro-ministro de Portugal ainda a serem ultimadas, está desde já certo que o secretário-geral do PS se deslocará aos Açores, mais precisamen­te à Ilha de São Miguel, nos dias 1 e 2 de fevereiro. Ou seja, na quinta e sexta-feira que antecedem o dia de reflexão antes de os 230 mil eleitores açorianos serem chamados às urnas para as eleições regionais

antecipada­s pelo chumbo do Orçamento apresentad­o pelo Governo minoritári­o de José Manuel Bolieiro, com a consequent­e dissolução da Assembleia Legislativ­a Regional dos Açores, cujos 57 deputados serão eleitos a 4 de fevereiro.

Pelo contrário, Luís Montenegro ainda não tem completame­nte claro se estará ao lado de Bolieiro e dos seus aliados – que, tal como no continente, são o CDS-PP e o PPM – em São Miguel no encerramen­to da campanha. Certo é que o presidente social-democrata mantém a vontade de completar o périplo por todos os concelhos nacionais, no âmbito da iniciativa Sentir Portugal, que só não chegou a completar porque as más condições atmosféric­as não lhe permitiram deslocar-se às ilhas das Flores e do Corvo. No início de janeiro prevaleceu a força da depressão Hipólito, com vento e ondulação impeditiva­s de viagens à parte mais ocidental do arquipélag­o.

Entre as duas principais forças existe expectativ­a de bipolariza­ção, com o PS a tentar retomar a maioria absoluta que teve quase sempre

ao longo de duas décadas – mesmo em 2020 foi a força mais votada, com 39,1% dos votos, mas os seus 25 eleitos permitiram que o PSD, CDS-PP e PPM formassem um Governo, também minoritári­o, com 26 deputados, que começou por ter apoio parlamenta­r dos dois eleitos do Chega (um dos quais depressa passou a independen­te) e do eleito da Iniciativa Liberal. Mas os restan

tes partidos contam evitar que venha a existir maioria absoluta.

Com um sistema eleitoral complexo, em que cada uma das nove ilhas açorianas tem um determinad­o número de deputados, mas ainda existe um círculo de compensaçã­o, com cinco eleitos a serem distribuíd­os consoante os votos que não permitiram aos partidos eleger em cada um dos outros círculos, o Chega espera eleger entre quatro a sete deputados, o que tenderia a dificultar qualquer maioria absoluta.

O objetivo foi avançado pelo líder regional do Chega, José Pacheco, que contou no domingo com André Ventura numa arruada em Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira. O presidente do partido voltará à região autónoma no início da segunda semana de campanha, que deverá ser mais centrada no principal círculo eleitoral açoriano.

Dos 57 deputados da Assembleia Legislativ­a Regional, 20 são eleitos por São Miguel, seguindo-se a Terceira, com dez deputados. Mais reduzidos são os mandatos em disputa no Faial (quatro), Pico (quatro), Flores (três), Graciosa (três),

São Jorge (três) e Santa Maria (três), enquanto o Corvo tem apenas dois deputados.

Neste momento também estão representa­dos na Assembleia Legislativ­a Regional dos Açores o Bloco de Esquerda, com dois deputados, a Iniciativa Liberal, com um, e o PAN – Pessoas, Animais, Natureza, igualmente com um. Após ter ficado de fora nas regionais de 2020, a CDU aposta forte no regresso, como foi dito no fim de semana pelo secretário-geral, Paulo Raimundo, numa visita à Ilha Terceira.

Também empenhados em manter ou ampliar a presença parlamenta­r estão o Bloco de Esquerda, a Iniciativa Liberal e o PAN, sendo as restantes forças que se apresentam a votos nas eleições regionais de 4 de fevereiro a coligação Alternativ­a 21 (que junta o Aliança e o MPT), o Livre e o Juntos pelo Povo, que procura repetir nos Açores o sucesso que tem conseguido na Região Autónoma da Madeira, onde não só detém a presidênci­a da Câmara de Santa Cruz como elegeu cinco deputados nas regionais do ano passado.

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Luís Montenegro ainda quer ir às ilhas das Flores e do Corvo antes do final da campanha, enquanto Pedro Nuno Santos estará em São Miguel a 1 e 2 de fevereiro.

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