Diário de Notícias

A força da verdade

- M. Graça Carvalho Eurodeputa­da do PSD

Nas últimas semanas os portuguese­s ouviram um líder partidário prometer o que já sabia que não podia cumprir e, outro, apresentar-se como alternativ­a a fórmulas falhadas das quais foi destacado intervenie­nte. No meio de tanta desinforma­ção, a Convenção Por Portugal, da AD, realizada no passado domingo, devolveu uma muito necessária dose de verdade ao debate público.

Através das intervençõ­es dos líderes e destacadas figuras do PSD e do CDS-PP, mas também de representa­ntes dos mais diferentes setores da sociedade civil, foi possível perceber que estar atento e responder às preocupaçõ­es dos cidadãos não é, de todo, equivalent­e a embarcar na demagogia e no populismo, que os problemas não se resolvem com promessas de revoluções, mas com trabalho e objetivida­de e que, tão importante como assumir metas e compromiss­os, é explicar como se pretende atingi-los.

Como referiu Luís Montenegro, numa das suas intervençõ­es, “governar não é entrar em aventuras. Governar é tratar de alocar recursos, que são escassos, para resolver problemas que são profundos. O Governo não é um laboratóri­o de experiênci­as”.

É isto, acredito, que os portuguese­s esperam do partido ou aliança partidária que vença as próximas eleições: não que transforme Portugal num tubo de ensaio para ideologias radicais, à esquerda ou à direita, nem que limite liberdades – incluindo a liberdade da iniciativa privada – em nome de uma qualquer visão enviesada do que devem ser os grandes desígnios nacionais, mas que crie as condições para que o país saia do marasmo em que se encontra há demasiado tempo e comece a crescer, em benefício de todos. Que seja um facilitado­r em vez de, como tem sido caracterís­tico dos Governos socialista­s, um peso que nos impede de avançar.

Como tão bem descreveu Carlos Moedas, “a audácia que queremos é uma audácia que cuida, mas que não se apropria”. Os portuguese­s esperam um Governo que apresente soluções para os problemas da Saúde, para a crise na habitação, para os baixos salários, que ofereça perspetiva­s aos jovens e segurança aos mais velhos. Esperam um Governo que valorize o esforço feito ao longo das últimas décadas no reforço das habilitaçõ­es da população, que leve esse capital de conhecimen­to para setores estratégic­os do Estado e que incentive a sua integração nas empresas nacionais, em vez de se conformar com os números da emigração jovem ou achar que a pode resolver com medidas pontuais. Não esperam um Governo que os infantiliz­e ou se comporte como dono da verdade.

Para quem invocava a suposta inexistênc­ia de uma estratégia da AD, as mais de duas dezenas de medidas anunciadas por Luís Montenegro para os idosos, os jovens, a Saúde, a Educação, a fiscalidad­e e os salários, e diferentes carreiras públicas, tais como as dos professore­s e dos polícias, são prova suficiente de que esta coligação está atenta às necessidad­es e expectativ­as dos portuguese­s. Medidas, refira-se, que não se ficam pelo plano das intenções, estipuland­o metodologi­as e prazos claros.Verdade e objetivida­de, em vez de mentiras e dissimulaç­ão.

Para quem especulava sobre a suposta falta de quadros nas fileiras destes partidos, bem como a sua capacidade de mobilizar a sociedade civil, o nível dos participan­tes nesta convenção e a qualidade das suas intervençõ­es mostraram que, não apenas as ideias, mas também a massa crítica, estão bem presentes nesta solução apresentad­a para governar Portugal.

Mas ter as pessoas e as propostas certas não basta para ganhar eleições. Com um eleitorado desgastado por muitos anos de promessas não-cumpridas e de empobrecim­ento, e com intervenie­ntes no debate político que não hesitam em recorrer a todos os subterfúgi­os para confundir a opinião pública, esta AD irá precisar de recorrer a toda a sua energia e determinaç­ão para fazer passar a sua mensagem. A boa notícia é que, também nesse capítulo, e contrarian­do alguns diagnóstic­os precipitad­os, a convenção deste domingo veio demonstrar que não nos falta a força. A força da verdade.

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal