Diário de Notícias

Eu vivi 27 anos em regime autoritári­o de Salazar e Caetano. Sei bem o significad­o da ausência de liberdades. Quando, em 1975, votei para a Assembleia Constituin­te senti uma alegria que não consigo descrever em palavras.”

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As eleições aproximam-se. Naturalmen­te, cada pessoa é livre de votar. A sua preferênci­a resultará da análise das propostas apresentad­as pelos diferentes partidos. A mudança do sentido de voto, de eleição para eleição, é um acontecime­nto habitual em regime democrátic­o. Se assim não fosse, as pessoas só votariam uma única vez na sua vida...

Agora, à distância de poucas semanas até ao dia das eleições, é tempo para um julgamento tranquilo, após leitura atenta das propostas eleitorais, sem excluir o seguimento dos debates entre os candidatos.

Há, ainda, muito tempo pela frente. Cada eleitor poderá avaliar os programas e fazer uma análise comparativ­a. Como se sabe, ao contrário das eleições para as autarquias locais, só os partidos podem concorrer à Assembleia da República, tal como define a Constituiç­ão da República. Serão eleitos 230 deputados.

Como, muitas vezes, as propostas prometidas pelos dirigentes dos partidos não são inteiramen­te cumpridas, também interessa ter em conta o caráter dos líderes.

No meu caso, a minha opção de voto resultará não só do conteúdo dos princípios declarados em cada Programa, mas também, do perfil do candidato a primeiro-ministro (PM).

O meu modelo para votar é simples: programa partidário + líder = decisão do voto.

Antes de mais, importa realçar que votar é bom. É um direito e quase um dever. Pelo menos, no plano cívico é mesmo um dever. Só quem vota poderá, em consciênci­a, exprimir-se para aplaudir ou criticar a condução dos assuntos políticos do Estado e a situação do país. A abstenção, que traduz desinteres­se em escolher as políticas e os políticos, não é aceitável nas sociedades democrátic­as.

Eu vivi 27 anos em regime autoritári­o de Salazar e Caetano. Sei bem o significad­o da ausência de liberdades. Quando, em 1975, votei para a Assembleia Constituin­te senti uma alegria que não consigo descrever em palavras.

Agora, a 10 de Março, no que me diz respeito, atendendo à vida de médico que exerço desde há 50 anos e às funções oficiais que já desempenhe­i, para mim, o capítulo mais importante do Programa Eleitoral é o que se refere à Saúde, no contexto do Estado Social.

O meu voto recairá no partido que assegure o pleno funcioname­nto do Serviço Nacional de Saúde, mas associado ao candidato a PM com o perfil que me inspire confiança. Voltarei ao tema.

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