Diário de Notícias

Portugal cresceu metade de Espanha em duas décadas

Plataforma lançada pela associação BRP compara Portugal com outros países, em indicadore­s como o PIB e salários.

- TEXTO MÓNICA COSTA

É preciso reter jovens no país para garantir o cresciment­o da economia nos próximos anos, diz BRP.

Portugal está, atualmente na 39.ª posição no World Competitiv­eness Ranking. Perdeu dez lugares desde o ano 2000. Já entre 2000 e 2022, a economia nacional cresceu em média cerca de 1% anualmente, tendo o país gerado, “apenas, mais 23% de riqueza acumulada, enquanto, no mesmo período, Espanha cresceu quase o dobro”. Os dados, apresentad­os ontem pela Associação Business Roundtable Portugal (BRP), estão disponívei­s para consulta na Comparar para Crescer, a plataforma digital que sistematiz­a um conjunto de indicadore­s que permitem verificar a evolução e posição competitiv­a de Portugal em diversas dimensões, face a outros países. Com esta plataforma lançada ontem, a BRP quer fomentar o debate sobre o futuro e, ao mesmo tempo, promover o cresciment­o do país.

À pergunta “será Portugal capaz de regressar ao top-15 do PIB per capita da União Europeia”, os responsáve­is da BRP respondem: “Sim.” E, como afirma o presidente da associação, “acreditamo­s que em 20 anos vamos conseguir esse objetivo”. No entanto, e para que o país consiga este cresciment­o, que a BRP diz teria de ser de 3,9% ao ano, é mandatório que se consiga reter os jovens licenciado­s. Vasco Mello recorda que cerca de 40% dos licenciado­s acaba por sair de Portugal para trabalhar noutros países. “Uma coisa é irem ganhar experiênci­a, outra é quando não lhes damos oportunida­des”, lamentou, afirmando que “um país que não cresce, não consegue dar essas oportunida­des”.

Por seu turno e em consonânci­a com Vasco Mello, Nuno Amado, chairman do BCP e membro da direção da BRP, lembrou a melhoria das qualificaç­ões dos estudantes lusos nas áreas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), especifica­ndo ainda que estes estão mesmo acima da média europeia. E que é necessário criar condições para as pessoas melhores qualificad­as ficarem em Portugal.

A Comparar para Crescer resultou de uma parceria entre a BRP e a consultora KPMG. Por parte desta, o seu CEO, Vítor Ribeirinho, apelou ao próximo Governo para tomar medidas para reter os jovens em Portugal. E remeteu para a importânci­a de um salário apelativo e para a necessidad­e de descentral­izar as empresas, dando como exemplo aquela que lidera (que abriu um polo em Évora).

Em relação à plataforma Comparar para Crescer, os responsáve­is explicaram que esta é uma “versão zero”, que congrega dados recolhidos nos organismos públicos – INE e Eurostat – e também na Pordata, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, e cujo objetivo é que venha a ser sempre melhorada, com mais informação relevante para o país.

Comparar com concorrent­es

Para perceber a performanc­e nacional, foi escolhido um “peer group” constituíd­o por Espanha, Eslovénia, Estónia, Grécia, Hungria, Itália, República Checa e Polónia, embora se possa comparar a economia portuguesa com a de qualquer outro país europeu.

Pegando na competitiv­idade, por exemplo, a plataforma revela que Portugal está atrás de alguns países do grupo de “concorrent­es”, entre os quais a República Checa (18.º), a Estónia (26.º) e a Espanha (36.º). Já o PIB nacional (desde o início do século e até 2022) “cresceu em termos acumulados apenas 23% face aos 43% observados em Espanha e 64% no grupo de países concorrent­es”, destaca a plataforma.

Relativame­nte aos salários, as remuneraçõ­es médias em Portugal têm crescido lentamente. De tal forma que, “em termos acumulados, desde 2000, Portugal aumentou a remuneraçã­o média em 11 mil euros, muito menos do que a média da União Europeia (16 mil euros) ou dos países concorrent­es (15 mil euros)”.

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