Caminho aberto para a Suécia, por fim, se tornar no 32.º membro da NATO
Parlamento turco ratificou o pedido de adesão à aliança. Fica a faltar a promulgação de Erdogan e a ratificação por parte dos húngaros.
Avisita a Ancara do ministro de Estado para a Política de Segurança da Hungria dificilmente seria noticiável fora de ambos os países, não se desse o caso de juntar altos dignitários dos dois países que têm bloqueado o acesso da Suécia à NATO – e logo no dia em que o Parlamento turco discutiu e ratificou, já de noite, a pretensão do país escandinavo. Coincidiu também com o anúncio do convite do líder húngaro ao homólogo sueco para este ser recebido em Budapeste e se “negociar” a adesão à aliança militar, pelo que se prevê que a Suécia possa tornar-se no 32.º país membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte a tempo da comemoração do seu 75.º aniversário, na primavera.
“Enviei uma carta com um convite ao primeiro-ministro Ulf Kristersson para visitar a Hungria e negociar a adesão da Suécia à NATO ”, escreveuViktor Orbán na rede social X. O chefe do Governo sueco também usou o antigo Twitter, mas para se congratular com o voto favorável dos deputados turcos e com isso o seu país está “um passo mais próximo” da Aliança Atlântica.
Quem respondeu ao homem que levou a Hungria a ser hoje um país em contínuo retrocesso democrático ao ponto de hoje ser “parcialmente livre” (segundo a análise da ONG Freedom House) foi o chefe da diplomacia sueca, para menorizar a iniciativa. “Não vejo qualquer razão para negociar neste momento”, disse Tobias Billstrom. O regime de Orbán, mais próximo do turco Recep Tayyip Erdogan e de Vladimir Putin do que dos restantes países da União Europeia e da NATO, tem alinhado com o bloqueio de 20 meses da Turquia à Suécia. Budapeste tem alegado que o governo de Estocolmo não tem suficiente patriotismo e, em setembro, encontrou mais um argumento: um vídeo educativo sueco no qual se explicava que a democracia húngara está em erosão. “Penso que não precisamos de um aliado que nos cospe em cima”, disse a propósito o presidente do Parlamento, László Kövér. Refira-se que os aviões de caça húngaros são suecos.
Tal como a Turquia obteve concessões da Suécia (fim do embargo de armas e cooperação antiterrorismo) e tentou jogar de permeio a cartada para que os EUA autorizassem a comprar de aviões F-16 (o que está longe de garantido), também a Hungria tentou sacar dos seus aliados nominais algo mais do que irritação, embora não o tenha expresso, para lá de dizer que não há uma relação bilateral amigável. Em julho, Orbán garantiu que o seu país não seria o último a ratificar o pedido de adesão da Suécia. Depois dos 287 votos favoráveis e 55 contra dos deputados turcos, falta a promulgação do presidente. Segundo os meios de comunicação turcos, Putin será recebido por Erdogan em 12 de fevereiro. Assinar ou não até essa data será uma mensagem a ter em conta do líder turco.