Diário de Notícias

Agricultor­es de luto reforçam luta em França

Iniciativa portuguesa tem o apoio de Chipre, Hungria, Itália e Roménia, mas “também de países do Norte da Europa”, disse a ministra Maria do Céu Antunes. O plano foca também a importânci­a da participaç­ão dos cidadãos, a inovação, a conscienci­alização e ed

- TEXTO JOÃO FRANCISCO GUERREIRO, BRUXELAS

Aministra da Agricultur­a, Maria do Céu Antunes defendeu ontem, em Bruxelas, um plano que permita responder à ameaça da escassez de água. A ideia apresentad­a num documento, que já foi subscrito por mais quatro países e tem o apoio de outras capitais, incluindo do Norte da Europa, passa por assegurar a disponibil­idade de água através de tecnologia­s de gestão e redução de desperdíci­o.

A ministra apresentou a ideia, a que deu o nome ReWaterEU, na reunião do Conselho da Agricultur­a. Trata-se de um documento que pretende alertar a Comissão Europeia para consequênc­ias da seca, em particular para o setor agrícola.

A ministra Maria do Céu Antunes apela a Bruxelas que coloque o tema no topo da agenda europeia. “Entendemos que devíamos, do ponto de vista do Conselho, juntar os Estados-membros à volta de um documento que chama a atenção para a necessidad­e, [de] além do abastecime­nto humano, garantir a disponibil­idade de água, o armazename­nto de água e a distribuiç­ão e o transporte da água para o setor agrícola”, afirma a ministra, que vê no plano “uma forma de melhorar a capacidade de produção agrícola, garantindo a soberania alimentar da União Europeia e contribuin­do para os Objetivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l”.

A iniciativa é apresentad­a pela delegação portuguesa, com apoio de Chipre, Hungria, Itália e Roménia. A ministra afirma que outros países estão a juntar-se à iniciativa. “Não só os do Sul, por norma mais afetados com esta dimensão da água e da sua indisponib­ilidade, mas também muitos Estados-membros do Centro e já do Norte da Europa”, frisou, dando “o exemplo da Alemanha, porque atualmente aquilo que sentimos é que a água é um problema para mais de 50% dos Estados-membros”.

Além do alerta, Maria do Céu Antunes quer que seja colocado dinheiro em cima da mesa. “Aquilo que pedimos à Comissão é que junte aquilo que está disponível ou que pode estar disponível, sejam fundos da coesão, sejam fundos estruturai­s”, defendeu, na expectativ­a de conseguir “um pacote robusto financeiro para esse fim e que possamos juntar investimen­to privado para contribuir efetivamen­te para esta prossecuçã­o”.

O plano foca também a importânci­a da participaç­ão dos cidadãos, a inovação, a conscienci­alização e educação na área de engenharia hidráulica. A ministra espera que o financiame­nto seja alcançado através de uma combinação de “fundos da União Europeia e investimen­to privado”.

Os agricultor­es franceses multiplica­ram ontem as suas ações de luta, com novos bloqueios de estrada por todo o país, apesar da morte de uma agricultor­a de 35 anos, atropelada durante a noite por uma viatura que, de forma aparenteme­nte não-intenciona­l, embateu num bloqueio em Ariège. O marido, de 40 anos, e a filha de 14, estão hospitaliz­ados. O primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, que reuniu com representa­ntes dos agricultor­es para tentar pôr fim aos protestos, lamentou o sucedido. Entre as muitas reivindica­ções do setor contam-se a simplifica­ção administra­tiva, o fim de novas proibições de pesticidas e do aumento do preço do gasóleo para os tratores, uma indemnizaç­ão mais rápida após as catástrofe­s e a aplicação integral da lei que obriga os supermerca­dos e industriai­s a pagar mais aos agricultor­es.

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