Agricultores de luto reforçam luta em França
Iniciativa portuguesa tem o apoio de Chipre, Hungria, Itália e Roménia, mas “também de países do Norte da Europa”, disse a ministra Maria do Céu Antunes. O plano foca também a importância da participação dos cidadãos, a inovação, a consciencialização e ed
Aministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes defendeu ontem, em Bruxelas, um plano que permita responder à ameaça da escassez de água. A ideia apresentada num documento, que já foi subscrito por mais quatro países e tem o apoio de outras capitais, incluindo do Norte da Europa, passa por assegurar a disponibilidade de água através de tecnologias de gestão e redução de desperdício.
A ministra apresentou a ideia, a que deu o nome ReWaterEU, na reunião do Conselho da Agricultura. Trata-se de um documento que pretende alertar a Comissão Europeia para consequências da seca, em particular para o setor agrícola.
A ministra Maria do Céu Antunes apela a Bruxelas que coloque o tema no topo da agenda europeia. “Entendemos que devíamos, do ponto de vista do Conselho, juntar os Estados-membros à volta de um documento que chama a atenção para a necessidade, [de] além do abastecimento humano, garantir a disponibilidade de água, o armazenamento de água e a distribuição e o transporte da água para o setor agrícola”, afirma a ministra, que vê no plano “uma forma de melhorar a capacidade de produção agrícola, garantindo a soberania alimentar da União Europeia e contribuindo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”.
A iniciativa é apresentada pela delegação portuguesa, com apoio de Chipre, Hungria, Itália e Roménia. A ministra afirma que outros países estão a juntar-se à iniciativa. “Não só os do Sul, por norma mais afetados com esta dimensão da água e da sua indisponibilidade, mas também muitos Estados-membros do Centro e já do Norte da Europa”, frisou, dando “o exemplo da Alemanha, porque atualmente aquilo que sentimos é que a água é um problema para mais de 50% dos Estados-membros”.
Além do alerta, Maria do Céu Antunes quer que seja colocado dinheiro em cima da mesa. “Aquilo que pedimos à Comissão é que junte aquilo que está disponível ou que pode estar disponível, sejam fundos da coesão, sejam fundos estruturais”, defendeu, na expectativa de conseguir “um pacote robusto financeiro para esse fim e que possamos juntar investimento privado para contribuir efetivamente para esta prossecução”.
O plano foca também a importância da participação dos cidadãos, a inovação, a consciencialização e educação na área de engenharia hidráulica. A ministra espera que o financiamento seja alcançado através de uma combinação de “fundos da União Europeia e investimento privado”.
Os agricultores franceses multiplicaram ontem as suas ações de luta, com novos bloqueios de estrada por todo o país, apesar da morte de uma agricultora de 35 anos, atropelada durante a noite por uma viatura que, de forma aparentemente não-intencional, embateu num bloqueio em Ariège. O marido, de 40 anos, e a filha de 14, estão hospitalizados. O primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, que reuniu com representantes dos agricultores para tentar pôr fim aos protestos, lamentou o sucedido. Entre as muitas reivindicações do setor contam-se a simplificação administrativa, o fim de novas proibições de pesticidas e do aumento do preço do gasóleo para os tratores, uma indemnização mais rápida após as catástrofes e a aplicação integral da lei que obriga os supermercados e industriais a pagar mais aos agricultores.