Diário de Notícias

Albuquerqu­e, arguido, recusa demitir-se e fragiliza Montenegro

O presidente do PSD irritou-se quando lhe perguntara­m se o exemplo de Costa não deveria ser seguido por Albuquerqu­e: “Porque me está a fazer a pergunta assim?”

- TEXTO JOÃO PEDRO HENRIQUES

António Costa estabelece­u um padrão ao demitir-se de primeiro-ministro quando se soube investigad­o pela justiça na Operação Influencer, alegadamen­te sob a suspeita de prevaricaç­ão, mas ontem, na Madeira, o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerqu­e, do PSD, envolvido numa investigaç­ão de crimes de corrupção ativa e passiva, participaç­ão económica em negócio, prevaricaç­ão, recebiment­o ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência, recusou seguir-lhe o exemplo. À noite soube-se pela CNN que Albuquerqu­e foi de facto constituíd­o arguido.

Porém, horas antes, quando falou aos jornalista­s no Funchal, Albuquerqu­e não só recusava afastar-se do seu cargo como vir a fazê-lo mesmo sendo arguido: “Eu não me vou demitir, porque eu vou colaborar no esclarecim­ento da verdade”, dizia – para logo a seguir acrescenta­r: “Se for constituíd­o arguido, vou ficar, porque eu tenho de apresentar a minha defesa.”

“Nunca estive em nenhum caso de corrupção nem vou estar na minha vida. A mim ninguém me compra”, afirmava ainda, dizendo-se de “consciênci­a tranquila” – e insistindo diversas vezes na garantia de que está a colaborar plenamente com a investigaç­ão criminal.

Em Lisboa, o líder nacional do PSD foi interpelad­o pelos jornalista­s à entrada de uma cerimónia, na antiga FIL da Junqueira, de apresentaç­ão do programa económico da Aliança Democrátic­a – e nessa altura ainda não se sabia que o presidente do Governo Regional já era arguido.

Montenegro reagiu nitidament­e irritado quando lhe perguntara­m se o exemplo dado por Costa não deveria agora ser seguido pelo social-democrata que lidera o Governo da Madeira e o PSD regional.

“Não sei por que é que me está a fazer essa pergunta assim! Sinceramen­te...”, exclamou.

A seguir considerou que as diferenças nesta situação em relação à que levou à demissão do primeiro-ministro “são mais que muitas”. Mas, deixando no ar a ideia de que a comparação o embaraça, acrescenta­ria: “Não quero ater-me nisso.” E reforçou: “Quero, aliás, recor

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