Diário de Notícias

Suplemento Remunerati­vo Solidário teve de ser explicado recorrendo a Maria e a José

Agregação de apoios sociais para garantir que não se perde rendimento­s ao trabalhar mais suscitou dúvidas.

- TEXTO LEONARDO RALHA L.R.

Com a apresentaç­ão do programa económico da Aliança Democrátic­a já de si abalada pelas ondas de choque da investigaç­ão judicial ao Governo Regional da Madeira e à Câmara do Funchal, uma das principais novidades anunciadas pelos responsáve­is da coligação suscitou muitas dúvidas: o Suplemento Remunerati­vo Solidário, descrito como a “agregação” de um “sistema pulverizad­o de apoios sociais”, atribuindo a cada agregado familiar o valor das prestações sociais atualmente recebidas, acrescido de um suplemento “que garante que o aumento do rendimento do trabalho não conduz a uma perda de rendimento disponível”.

O vice-presidente do PSD António Leitão Amaro, coordenado­r do programa económico da AD, começou por descrever a medida como uma forma de garantir “que os trabalhado­res não perdem rendimento disponível ao ganharem mais”, o que acontece quando uma variação na remuneraçã­o, por muito pequena que seja, implica perda de apoios sociais. Em causa estará, segundo o documento elaborado pela coligação que junta PSD, CDS, PPM e independen­tes, “uma transferên­cia do Estado que deverá ser antecipada mensalment­e, através, por exemplo, da introdução de taxas de retenção negativas de IRS para os rendimento­s mais baixos”. Algo que visa evitar a “substancia­l perda de apoios ou até mesmo a sua retirada total”, nomeadamen­te no que diz respeito a abonos de família, ação social escolar, isenção de taxas moderadora­s no Serviço Nacional de Saúde ou a tarifa social de eletricida­de e de gás quando se reentra no mercado de trabalho.

Perante as dúvidas que a aplicação da medida suscitou durante a apresentaç­ão, Leitão Amaro recorreu a um exemplo para ilustrar algo que considerou “profundame­nte injusto”. Nomeadamen­te um casal formado pela “senhora Maria”, funcionári­a de uma empresa que passou a exportar mais para a Europa de Leste e lhe pagou um prémio de produtivid­ade de 1300 euros, do qual “com sorte veria metade” após a intervençã­o do Estado, enquanto o marido, João, “foi a uma entrevista de emprego, em que lhe ofereceram um salário, mas ficou desde logo a saber que, ao aceitar, haveria um corte de prestações sociais”.

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Miranda Sarmento e Leitão Amaro conduziram a apresentaç­ão.

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