O poder da (auto)compaixão
Quando falamos em compaixão pensamos na capacidade em compreender o estado emocional do outro. Muitas vezes confundida com empatia, a compaixão envolve ainda o elemento adicional de sentir o desejo de aliviar ou reduzir o sofrimento do outro e de o ajudar. Motiva-nos, por isso, a agir nesse sentido. A compaixão pelos outros é, assim, fundamental para que todos possamos sentir-nos compreendidos e ajudados.
Mas falar de compaixão é também falar de compaixão por si mesmo, ou seja, da capacidade de se tratar com a mesma gentileza e preocupação genuína com que trataria alguém próximo, apoiando-se e reconfortando-se numa qualquer situação difícil e geradora de sofrimento.
Sentir autocompaixão não significa sentir pena de si próprio, nem tão pouco adotar uma atitude miserabilista ou de vitimização, mas sim reconhecer que a imperfeição e os erros fazem parte da experiência de se ser humano. Somos todos humanos, erramos e temos o direito a sentir arrependimento e ao perdão – ao perdão por parte dos outros, e também ao perdão por parte de nós mesmos.
Neste contexto, sugiro um exercício de aceitação muito simples (e muito desafiante, ao mesmo tempo), que implica escrever uma carta para si mesmo, onde possa abordar os seus erros e imperfeições, procurando ser compreensivo, tolerante e apoiante. Escreva tendo em mente que está a dirigir-se a alguém muito, mas muito importante para si – o seu EU.
“Querido Eu…” Já escreveu?
Se sim, foque-se agora naquilo que está a sentir em relação a si mesmo, quando revisita as suas falhas e limitações. Estará a ser demasiado crítico e inflexível? De que modo poderá ser mais justo para consigo? E o que pode dizer a si próprio que o ajude a confortar-se e a sentir algum alívio e suporte?
Recorde-se deste exercício em situações futuras, sempre que se sentir desiludido ou dececionado consigo mesmo. Lembre-se que a autocompaixão pode ser treinada e que esta o ajuda a sentir-se mais em paz consigo mesmo.