BCE deve manter taxas de juro inalteradas
OBanco Central Europeu (BCE) deverá manter hoje, na primeira reunião do ano, o rumo monetário restritivo e continuar a atenuar as expectativas de uma rápida redução das taxas, graças à descida da inflação. Depois de aumentar as taxas diretoras para o nível histórico mais elevado, o BCE está a marcar uma pausa neste ciclo de aperto monetário que o levou a aumentar as taxas dez vezes desde meados de 2022.
Pela terceira vez desde outubro, deverá agora mantê-las inalteradas no final da primeira reunião do ano, num contexto de crises múltiplas, com destaque para os preços da energia menos previsíveis no contexto da guerra entre Israel e o Hamas e a crise no Mar Vermelho, que também está a aumentar os custos dos transportes.
Os banqueiros centrais que são membros do BCE foram claros nas mais recentes declarações, nomeadamente durante o Fórum de Davos da semana passada: são baixas as probabilidades de a instituição relaxar a política monetária antes do verão.
“Prevê-se, com um grau de certeza elevado, que o BCE manterá as taxas de juro inalteradas. Quanto ao tom e conteúdo do que será dito nas habituais explicações pós-decisão, aí persistem dúvidas”, assinala o diretor-executivo da ActivTrades Europe, Ricardo Evangelista.
O analista acredita que “o mais provável é que Christine Lagarde e seus pares mantenham a postura hawkish [restritiva] que tem caracterizado as suas mais recentes intervenções públicas, dizendo que o tempo para falar de cortes ainda não chegou, já que a inflação se mantém acima dos 2%”.
Uma posição partilhada pelo diretor global da Allianz GI, Franck Dixmier, que prevê que o BCE “reafirme a sua cautela quanto ao primeiro corte nos juros, já que a inflação ainda não está numa trajetória credível rumo ao seu objetivo de estabilidade de preços de 2%”. “No entanto, apesar da manutenção deste tom assertivo por parte do BCE, os mercados financeiros já antecipam um primeiro corte nos juros ainda durante a primeira metade do ano”, sublinha o analista.