Irão executa manifestante com doença bipolar
OIrão enforcou na terça-feira mais um prisioneiro, dignosticado com doença bipolar, por crimes cometidos durante os protestos nacionais que eclodiram em 2022 após a morte da jovem Mahsa Amini, detida por usar incorretamente o lenço na cabeça.
Mohammad Qobadlu, de 23 anos, e diagnosticado com doença bipolar, foi condenado pela morte de um polícia, sendo que a sua pena foi criticada por peritos das Nações Unidas, que afirmaram que o jovem enfrentou um processo injusto, além da sua deficiência psicossocial. Esta foi a nona execução desde os protestos, de acordo com uma contagem efetuada pela AP.
Uma reportagem na televisão estatal iraniana disse que Qobadlu foi executado após ter sido condenado por matar um polícia e ferir outros cinco, quando os atropelou no seu carro durante uma manifestação na cidade de Parand, perto da capital Teerão. Segundo a mesma reportagem, o jovem, que confessou o crime, teve acesso a um advogado durante o julgamento – este chegou a recorrer da sentença de morte, proferida por um Tribunal de 1.ª Instância, mas o Supremo confirmou o veredicto original.
O grupo de peritos da ONU declarou-se “alarmado” com os relatos de processos judiciais injustos no Irão, incluindo o que, segundo eles, foi a negação do acesso a advogados. “A execução no Irão de Mohammad Qobadlu, que sofria de problemas mentais, é uma injustiça flagrante, um assassinato cometido sob o pretexto de um procedimento judicial desprovido de qualquer imparcialidade”, disse, por seu turno, Hadi Ghaemi, diretor executivo do Centro para os Direitos Humanos no Irão, sediado em Nova Iorque.
O advogado de Qobadlu, Amir Raisian, disse numa mensagem na rede social X que a sentença veio apesar dos esforços para apelar a outro julgamento para o seu cliente. Segundo Raisian, a execução poderia ser caracterizada como “assassínio”.
A agitação que durou meses seguiu-se à morte sob custódia, em 16 de setembro de 2022, de Mahsa Amini, uma mulher de 22 anos que tinha sido detida pela polícia moral do Irão, alegadamente por não usar de forma correta o véu islâmico obrigatório. Pelo menos 529 pessoas foram mortas e muitos milhares foram detidas durante as manifestações.