Socialistas entregaram moção de censura antes da demissão de Albuquerque
PAN forçou demissão do presidente do Governo Regional e agora recusa eleições antecipadas.
Depois de, na quinta-feira, ter pedido a demissão de Miguel Albuquerque, o PS-Madeira formalizou ontem, no Parlamento Regional, a entrega de uma moção de censura ao Governo PSD-CDS liderado por Miguel Albuquerque. O anúncio foi feito ontem de manhã – antes, portanto, de Albuquerque ter anunciado que se demitia (ato que implica a queda do Governo todo). O Chega da Madeira fez um anúncio idêntico.
“Queremos, com a censura, confrontar todos os protagonistas políticos na Assembleia Regional e decidir em relação ao futuro da Madeira”, disse o líder parlamentar socialista madeirense, Victor Freitas, na entrega da moção de censura no Parlamento Regional.
O eleito socialista dizia então que, face ao cenário de suspeição de corrupção desencadeado há dois dias na Madeira, com a realização de buscas policiais e a constituição como arguido do presidente do Executivo madeirense, Miguel Albuquerque “não tem condições políticas para se manter no cargo”. “Devemos devolver aos madeirenses e porto-santenses a palavra para novas eleições.”
O Bloco de Esquerda anunciou que votaria a favor da moção do PS – declaração feita em Lisboa pela líder nacional do partido. “Disse desde o início que apoiávamos e apoiaríamos uma moção de censura ao Governo Regional. É assim que tem de ser”, afirmou Mariana Mortágua, defendendo que “não há nenhumas condições para que se mantenha no poder” um “Governo de proteção de interesses privados, de proteção de grupos económicos, de condicionamento da comunicação social”.
O PCP-Madeira também decidiu o mesmo: “Consideramos que esta moção de censura vem também ao encontro do que o PCP tem vindo a denunciar. A promiscuidade entre o setor privado e o setor público. Agora, não basta mudar de Governo. Não basta mudar de protagonistas. É importante mudar de políticas”, disse à Lusa o deputado regional único dos comunistas, Ricardo Lume.
Já a Iniciativa Liberal não se comprometeu: “Temos de lê-las, analisar e votar em consciência em relação àquilo que for o texto das moções”, disse Nuno Morna, deputado único do partido no Parlamento madeirense.
Seja como for, nem a moção do PS e muito menos a do Chega parecem reunir condições para ser aprovadas, sendo que, além do mais, Albuquerque até já anunciou que se demite de presidente do Governo Regional, depois de, para isso, ter sido pressionado pelo seu parceiro parlamentar, o PAN.
O partido representado na Madeira pela deputada única Mónica Freitas fez de resto saber, depois do anúncio de demissão de Miguel Albuquerque, que, apesar da necessidade de haver uma substituição de Governo, a legislatura madeirense continua a reunir condições para chegar ao fim.
“A prioridade, neste momento, é garantirmos uma estabilidade parlamentar e governativa e é isso que o PAN tem tido sempre assente na tomada e na ponderação de toda a gestão desta situação”, afirmou Mónica Freitas no Funchal, em conferência de imprensa. “Não é momento para oportunismo político, e o PAN continua a ter uma atitude responsável perante os factos atuais da política regional.”