Diário de Notícias

Levantar a Taça da Liga, a missão que une Artur Jorge e Vasco Seabra

SP. BRAGA-ESTORIL Guerreiros querem o sétimo troféu e os canarinhos procuram o primeiro da história. Final inédita opõe dois treinadore­s jovens e com percursos muito parecidos. Final improvável do futebol português. Na Taça da Liga só por uma vez a final

- TEXTO ISAURA ALMEIDA isaura.almeida@dn.pt

Sp. Braga e Estoril Praia lutam hoje pelo direito a levantar a Taça da Liga, no Municipal de Leiria (19.45, SIC e Sport TV ). Um jogo em que o mais experiente Artur Jorge e o estreante Vasco Seabra procuram o primeiro troféu da carreira e o título de campeão de inverno.

Quando no dia 18 de maio de 2022, Artur Jorge, então nos sub-23 e depois de ter orientado os sub-15 e os sub-19 do Sp. Braga, aceitou assumir o comando da equipa principal saiu do anonimato como treinador. O mundo do futebol já o conhecia como defesa central que chegou à seleção, mas passou a olhar para ele como líder de uma equipa que em cinco jornadas conseguiu roubar o terceiro lugar ao Sporting e ficar com a vaga no playoff da Champions.

O treinador com “ADN 100% Guerreiro”, nascido em Braga (1 de janeiro de 1972), perdeu depois a final da Taça de Portugal para o FC Porto. Hoje procura o primeiro troféu como técnico. “O Estoril tem uma boa equipa, também nas individual­idades, fez um bom jogo em Braga que nós vencemos porque fizemos um ótimo jogo e temos que ter a nossa melhor versão para sermos superiores. É uma equipa que defende bem, tem muita gente atrás da linha da bola”, analisou o técnico do Sp. Braga.

As duas claques do clube (Red Boys e Bracara Legion) não vão marcar presença no jogo. Um boicote que é uma espécie de protesto antecipado contra a eventualid­ade da final-four da prova ser disputada no estrangeir­o: “Gostava muito de contar com todos em Leiria. Vamos jogar para ganhar por todos os adeptos do Sp. Braga”, disse Artur Jorge, sem revelar se Abel Ruiz, o herói da meia final, vai ser titular.

Do outro lado estará Vasco Seabra, um treinador “feliz” por fazer parte de um momento histórico para o Estoril. A inexperiên­cia em finais pode jogar a favor do adversário, mas o técnico natural de Paços de Ferreira (15-09-1985) não tem receio de admitir fraquezas.

Se Artur Jorge cresceu agarrado a uma bola de futebol e foi jogador, Vasco passou a infância e adolescênc­ia atrás do balcão da loja de material desportivo dos pais na Capital do Móvel. Ainda tentou ser jogador, mas não resultou e virou-se para a área técnica. Focado no processo e adepto do jogo curto e em posse, foi campeão distrital no Lixa e chegou a Paços de Ferreira pela mão de Rui Quinta, que era seu professor no curso de Desporto no ISMAI. Trabalhou nas camadas jovens e assistiu aos cresciment­o de jogadores como Diogo Jota, antes de ser adjunto de Carlos Pinho e depois assumir o banco dos castores. Treinou ainda o Moreirense, Boavista e o Marítimo, antes de assumir um Estoril em crise.

Conhecer os cantos à casa – já tinha orientado os sub-23 canarinhos – ajudou-o a adaptar-se à necessidad­e imediata de resultado e com esse feito de já ter vencido o FC Porto por duas vezes, uma delas na Taça da Liga, que permitiu à equipa seguir para as meias finais, onde também teve de passar pelo campeão Benfica para chegar à final de hoje com o Sp. Braga.

“Temos de dimensiona­r-nos, uma prova para os nossos jogadores também poderem competir e desfrutar disso, com essa ambição e responsabi­lidade”, assumiuVas­co Seabra, tentando não abordar a cobiça de Sporting e Benfica em Koba Koindredi e Rafik Guitane, respetivam­ente.

Sete ou um?

O Sp. Braga procura o sétimo troféu da história diante de um Estoril Praia que deseja o primeiro nos seus 85 anos de existência. Se erguer o troféu o emblema minhoto passa a ser o quinto mais titulado do futebol português. Literalmen­te falando e em igualdade com o Belenenses, que tem sete conquistas, atrás das nove do Boavista e do trio dos grandes – 54 do Sporting, 84 do FC Porto e 85 do Benfica, que esta época já ganhou a Supertaça.

Os guerreiros são os únicos, além dos três grandes, com um título internacio­nal, a Taça Intertoto (2008), para lá de três Taças de Portugal (1965-66, 2015-16 e 2020-21) e duas da Taças da Liga (2012-13 e 2019-20). Na segunda final da sua história, após a goleada (8-0) sofrida diante do Benfica na Taça de Portugal de 1943-44, os canarinhos procuram tornar-se a 18.ª equipa portuguesa a arrebatar um troféu futebolíst­ico e juntarem-se a outros ‘pequenos’ com um lugar na história – Leixões, Est. Amadora, Beira-Mar, Desp. Aves, Moreirense, Olhanense, Marítimo e Carcavelin­hos.

O Sp.Braga e o Estoril vão protagoniz­ar uma das poucas finais do futebol português sem a presença dos chamados três grandes, algo muito raro, mas que já aconteceu tanto na Taça da Liga (uma vez) como na Taça de Portugal (seis) ao longo da história.

Na Taça da Liga, em 16 edições já disputadas, apenas uma vez o jogo decisivo não teve a presença de um grande. Foi na temporada 2016-17, quando Moreirense e Sp. Braga se encontrara­m na final, num dia histórico para o emblema de Moreira de Cónegos, que venceu por 1-0 e ergueu a taça.

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O Sp. Braga chegou à final depois de eliminar o Sporting e Artur Jorge terá nova oportunida­de para erguer o primeiro troféu da carreira.
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Já com Vasco Seabra no banco, o Estoril eliminou o FC Porto e o Benfica para chegar à final da prova.

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