André Ventura traz núcleo duro para grupo parlamentar com reforços do PSD e da IL
Apresentação do programa eleitoral do Chega permitiu mostrar cabeças de listas “transferidos” de outros partidos, como Rui Cristina, Eduardo Teixeira e Nuno Simões de Melo. Mas fiéis do líder do partido têm lugares cimeiros. André Ventura vincou que não q
OCongresso Eleitoral do Chega que decorreu ontem à tarde na Casa da Cultura de Sacavém, tinha a dupla finalidade de revelar as linhas gerais do programa eleitoral e mostrar ao país e aos militantes os cabeças de lista vindos de outros partidos, como o PSD e a Iniciativa Liberal. Mas isso não impediu que André Ventura tenha assegurado lugar no grupo parlamentar para o núcleo duro que o acompanha desde que era deputado único.
Sem o mediatismo de cabeças de lista “transferidos” do PSD, como Rui Cristina (Évora), Eduardo Teixeira (Viana do Castelo), Henrique de Freitas (Portalegre) e António Pedro Pereira (Coimbra), ou da Iniciativa Liberal, no caso de Nuno Simões de Melo (Guarda), Ventura colocou em lugares elegíveis na lista de Lisboa a vice-presidente do Chega Marta Silva - que em 2022 foi a terceira candidata pelo Porto, não conseguindo o mandato - e Ricardo Regalla Dias Pinto, que enquanto diretor de Relações Internacionais do partido é responsável pelos contactos com partidos da direita radical como a Reunião Nacional francesa, o Vox espanhol, a Liga italiana e o Partido Liberal brasileiro. E m Setúbal, onde desta vez a cabeça de lista é a deputada Rita Matias, o segundo lugar volta a ser da diretora de Comunicação do Chega,
Patrícia Carvalho, que há dois anos ficou a centenas de votos de ser eleita deputada.
Animado pelas sondagens, que fazem adivinhar a multiplicação do grupo parlamentar - argumento usado para “adoçar” a despromoção do atual deputado Bruno Nunes, que de cabeça de lista por Setúbal em 2022 passa a sétimo por Lisboa -, Ventura iniciou o discurso com a convicção de que “o país ficará muito positivamente espantado com este programa eleitoral”.
Na apresentação das linhas gerais do programa, a cargo de Cristina Rodrigues, antiga deputada (do PAN e, mais tarde, não inscrita), leram-se 25 capítulos com títulos como “vamos limpar o país da corrupção”, “vamos libertar o ensino das ideologias”, “vamos promover a nossa História, cultura e tradições” e “vamos reformar a Constituição e libertá-la de carga ideológica”, mesclados com os pragmáticos “vamos garantir mais rendimentos às famílias e empresas”, “vamos garantir o acesso à saúde” e “vamos assegurar habitação digna”.
A esse propósito, numa das intervenções que se seguiram, Marta Silva defendeu não só a abolição do IMI e do IMT para facilitar a compra de casa, como a reversão do arrendamento forçado, o regresso dos vistos gold e o fim dos limites ao alojamento local. Também foi defendida a isenção de IRS até 100 mil euros para jovens. Mas uma das marcas do discurso do Chega fez-se ouvir, com o líder parlamentar Pedro Pinto a advogar que o “excedente orçamental de Medina” permita que o suplemento salarial pago à Polícia Judiciária se aplique às outras forças de segurança.
Tal como Ventura, após advertir que “a corrupção vai destruindo os alicerces da confiança dos cidadãos nas instituições”, no “maior cenário de degradação política dos últimos anos” - e querer a apreensão de bens “de quem desviou dinheiro” -, vincou que não quer que Portugal se transforme “numa Bélgica ou numa França”, num ataque à imigração islâmica.