Diário de Notícias

Renúncia de Pedro Calado cria imbróglio no Funchal

Vice-presidente da autarquia Cristina Pedra é a sucessora, mas no PSD há quem veja alternativ­a. E o PS exige eleições intercalar­es. Cristina Pedra participou, menos de um ano antes de aceitar o convite para integrar a coligação de centro-direita, numa con

- TEXTO LEONARDO RALHA

Anotícia de que Pedro Calado decidiu renunciar à presidênci­a da Câmara do Funchal não foi encarada com muita surpresa neste sábado, tendo em conta que as suspeitas de crimes de corrupção, participaç­ão económica em negócio, prevaricaç­ão e recebiment­o indevido de vantagem o levaram a ser detido e levado para o Estabeleci­mento Prisional da Polícia Judiciária, em Lisboa. Na prática, o antigo vice-presidente do Governo Regional da Madeira, até agora visto como sucessor natural de Miguel Albuquerqu­e, cujo adeus à governação da região autónoma também é iminente, por ser arguido no âmbito da mesma investigaç­ão judicial, ter-se-á antecipado ao previsível efeito das medidas de coação definidas após o início formal do seu interrogat­ório, o que acontecerá na segunda-feira.

A renúncia de Calado foi confirmada ao início da tarde de ontem pelo seu advogado, Paulo Sá e Cunha, o qual assegurou, à saída do Campus de Justiça, que tal decisão “não é manobra absolutame­nte nenhuma” para tentar evitar que o juiz decida pela prisão preventiva. Sá e Cunha defendeu que o autarca “entendeu que, nas atuais circunstân­cias, deveria renunciar ao cargo público que desempenha”.

Com a renúncia de Calado, a Câmara do Funchal passa a ser liderada pela atual vice-presidente, Cristina Pedra, que conduziu a reunião do executivo camarário na semana passada, já depois da detenção de Pedro Calado. Na manhã de quarta-feira o autarca foi detido pela Polícia Judiciária, tal como o presidente do grupo AFA, Avelino Farinha, e o maior acionista do grupo de construção civil Socicorrei­a, Custódio Correia, sendo suspeitos de protagoniz­arem um esquema de corrupção em adjudicaçõ­es de contratos públicos pelo Governo Regional da Madeira e pela Câmara do Funchal.

Com a renúncia de Pedro Calado, que liderou a coligação “Funchal Sempre à Frente” (PSD e CDS-PP) em 2021, Ana Bracamonte subirá a vereadora, mas a ascensão de Cristina Pedra não é bem vista por setores do PSD-Madeira. Escolhida pelo agora ex-edil funchalens­e para a sua equipa enquanto independen­te, Pedra fora presidente da ACIF - Associação do Comércio e Indústria do Funchal e, na qualidade de empresária, participou, menos de um ano antes de aceitar o convite para integrar a coligação de centro-direita, numa conferênci­a do Gabinete de Estudos do PS-Madeira, encerrada pelo então líder regional socialista Paulo Cafôfo, que entretanto retomou esse cargo.

Uma alternativ­a bem vista por alguns dentro do PSD-Madeira seria o vereador Bruno Pereira, que detém os pelouros da contrataçã­o pública, infraestru­turas, mobilidade e a muita significat­iva pasta da coordenaçã­o política. Além de ter sido vice-presidente no último mandato de Miguel Albuquerqu­e à frente da Câmara do Funchal.

O PS-Madeira exigiu ontem eleições intercalar­es, apelando aos vereadores da coligação para renunciare­m aos mandatos, “para que os eleitores possam escolher nas urnas o próximo presidente da Câmara do Funchal”.

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Advogado disse que decisão de Pedro Calado não é uma manobra para evitar a prisão preventiva.

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