Diário de Notícias

Sabalenka. Um duplo título em nome do pai

Bielorrusa bateu Zheng Qinwen na final e venceu torneio pelo segundo ano consecutiv­o... sem perder um set.

- TEXTO NUNO FERNANDES nuno.fernandes@dn.pt

Sabalenka tornou-se na primeira mulher depois de Azarenka em 2013 a conseguir revalidar o título na Austrália.

Aryna Sabalenka, 24 anos, venceu ontem pela segunda vez consecutiv­a o Open da Austrália, ao bater na final a chinesa Zheng Qinwen, por 6-3 e 6-2, em uma hora e 16 minutos. A número dois mundial realizou um torneio imaculado, onde não perdeu qualquer set nos jogos disputados em Melbourme. Uma história feliz que envolve um momento de superação e um desejo do pai, que morreu em 2019.

Sabalenka passou por um período muito complicado na carreira em 2022, um problema de saúde mental que a levou a pensar em desistir do ténis derivado de uma falta de confiança em si própria e por todo o envolvimen­to do conflito na Ucrânia (é natural da Bielorrúsi­a, país que apoia Rússia) – “cheguei a sentir que toda a gente me odiava devido ao país onde nasci”, confessou no documentár­io Break Point, da Netflix.

A tenista chegou mesmo a contar que depois de ter sido eliminada na terceira ronda de Roland Garros, recebeu mensagens a desejar a sua morte e da sua família. “Quando lemos mensagens com este conteúdo, pensamos que não dá mais. Toda a gente via que eu estava a perder o controlo. Não queria jogar mais ténis. Sinceramen­te, pensei mesmo que ia abandonar”, relatou na altura.

Foi então preciso agarrar-se a algo para recuperar todas as forças e a confiança. E essa luz foi um pedido feito pelo pai, um jogador de hóquei no gelo, que morreu repentinam­ente aos 43 anos em 2019. “Ele tinha um sonho, que passava por eu ganhar dois Grand Slams antes dos 25 anos. E quando ele morreu, comecei a pensar seriamente no assunto”, contou no mesmo documentár­io.

E esse desejo foi cumprido, revalidand­o ontem o título no Open da Austrália aos 24 anos (completa 25 em maio), ela que conta ainda dois triunfos de pares em majors - Open dos Estados Unidos em 2019 e Austrália em 2021.

Na hora da consagraçã­o, não conseguiu disfarçar a sua plena felicidade misturada com um misto de emoção: “Foram duas semanas incríveis e não conseguia imaginar-me novamente com este troféu. É um sentimento inacreditá­vel, estou sem palavras. Obrigado por estarem do meu lado, em todos os momentos. Sem vocês não seria capaz de alcançar tudo o que consegui.”

Antes do jogo, a tenista cumpriu um ritual que foi prática durante o Open da Austrália, que se tornou numa espécie de superstiçã­o: uma assinatura na careca do treinador Jason Stacy. “Fiz isto antes da primeira partida e, depois de vencer, disse ao Jason: ‘Bem, acho que é uma rotina agora’. Ele não está feliz com isso, mas entende”, brincou.

Hoje realiza-se a final masculina do Open da Austrália, a primeira em 19 anos sem a presença de um dos Big Three – Novak Djokovic, Rafael Nadal e Roger Federer. Jannick Sinner, na primeira final da carreira, vai tentar fazer história e ganhar o primeiro Grand Slam. Já Daniil Medvedev jogará a sua sexta final e vai tentar conquistar o segundo major, depois do Open dos Estados Unidos em 2021.

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Tenista bielorruss­a chegou a ponderar desistir do ténis após um período conturbado da carreira.

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