Sinner. 116 dias dias de sonho coroados na Austrália
Italiano venceu Medvedev com uma reviravolta épica. Ganhou o seu primeiro Grand Slam na primeira final que disputou.
Jannik Sinner venceu ontem o Open da Austrália, ao bater na final o russo Daniil Medvedev, por 3-2 (3-6, 3-6, 6-4, 6-4 e 6-3), num jogo marcado por uma reviravolta épica. O tenista de 22 anos conquistou assim o primeiro Grand Slam da carreira (e logo na primeira final que disputou) e tornou-se no terceiro italiano a ganhar um major, depois de Pietrangeli, em 1959 e 1960, e Panatta, em 1976, ambos em Roland Garros.
Sinner fechou com chave de ouro os 116 dias que mudaram a sua vida. A 4 de outubro do ano passado, venceu pela primeira Novak Djokovic, número 1 mundial, na final do torneio de Pequim. Voltou a abater o sérvio por duas vezes em novembro, primeiro na fase de grupos do ATP Finals, e depois na Taça Davis, que ajudou a Itália a conquistar. Já em Melbourne, voltou a vestir a pele de carrasco de Djokovic, vencendo-o nas meias-finais. O triunfo na final de ontem foi o coroar de um tenista com grande futuro que entrou definitivamente no lote de candidatos a chegar ao topo da hierarquia ATP.
O tenista, que nasceu em Itália na região do Tirol, perto da fronteira com a Áustria, tornou-se no terceiro tenista fora dos big three (Djokovic, Federer e Nadal) nos últimos 20 anos a conseguir vencer o
Open australiano, depois de Marat Safin (2005) e Stan Wawrinka (2014).
Para a história fica um jogo com uma reviravolta épica, com Sinner a conseguir recuperar de uma desvantagem de 0-2 para 3-2. Foi apenas o oitavo jogador do mundo a conseguir este feito num Grand Slam, numa saga que começou com Bjorn Borg em Roland Garros (1974) e que tinha terminado em 2022 com Nadal, curiosamente também contra Medvedev na Austrália.
Os melhores pais
“Obrigado a todos, não só aos que estiveram aqui, mas também aos que me apoiaram desde casa. E um muito obrigado à minha família por sempre me ter encorajado, mesmo que às vezes não tenha sido fácil. Gostaria que todos tivessem os pais que eu tive. Nunca me pressionaram e sempre me deram liberdade para escolher”, referiu um deslumbrado Sinner no final do jogo.
E há razões para agradecer à família. Filho de um casal que trabalhava numa estância de esqui, começou, com o irmão, a praticar desportos de neve e ténis aos três anos de idade. E chegou a ser um dos melhores praticantes de esqui italianos entre os oito e os 12 anos, vencendo várias provas.
A dada altura colocou de lado o ténis. E foi por conselho do pai que voltou a praticar a modalidade, numa altura em que também jogava futebol (é adepto do AC Milan). Aos 13 anos tomou a decisão: largou o esqui e o futebol para se dedicar às raquetes, mudando-se para Bordighera para frequentar o Centro de Ténis Piatti, onde começou a ser treinado por Riccardo Piatti e Massimo Sartori. A partir daí foi sempre a subir até estes 116 dias inesquecíveis. Eparece preparado para outros voos mais altos.
Italiano recuperou de uma desvantagem de 0-2 para 3-2. Foi apenas o oitavo tenista da história a conseguir uma reviravolta assim numa final de um Grand Slam.