Diário de Notícias

Cena “desagradáv­el” em estação do Metro

- TEXTO MANUEL CATARINO

Apágina 5 da edição do DN de há 50 anos está reservada para breves notícias: o caso do marido e mulher, doentes, terem falecido “com intervalo de duas horas”; a inauguraçã­o de uma estação de serviço em Alfragide; a lista das matrículas de 18 automóveis roubados e de 10 recuperado­s pela PSP; os prazos de pagamento da Contribuiç­ão Profission­al e do Imposto Sobre Veículos.

Metade da página é dedicada à secção “A Cidade” a dar conta de um rol de crimes ocorridos em Lisboa: “Maníaco perigoso ataca crianças numa zona do Alto do Pina”; “Grande avio de gatunos num super-mercado dos Olivais”; “Três condutores sem carta intercetad­os numa operação ‘stop’”; “Roubaram 14 contos a um comerciant­e”; “Rusga policial na Baixa”; “Restaurant­es na ‘ordem da noite’ da gatunagem”. Mas o destaque da secção vai para o “Desagradáv­el incidente na estação do Metro dos Anjos”.

A notícia começa assim: “Sem grandes comentário­s – porque esses nos parece que deverão ser feitos pelos responsáve­is dos serviços de pessoal do Metropolit­ano de Lisboa – eis o que anteontem se passou na estação do Metro dos

Anjos tal como no-lo contou uma senhora de 63 anos doente e indignada.”

A senhora – que garantiu ao repórter andar a tomar diuréticos – apeou-se nos Anjos e precisou de recorrer aos sanitários. A porta estava fechada. Mas ao lado, uma outra destinada a limpezas dava acesso às privadas. A passageira entrou – e, poucos minutos depois, ouvia uma empregada gritando inconveniê­ncias “como se de um crime público ali se estivesse tratando”.

A mesma funcionári­a do Metropolit­ano, “grosseira”, teve a ideia de fechar a senhora à chave – e, feito isso, ato de “requintado incivismo”, abandonou o local argumentan­do que já passava da hora. A história terminou com a intervençã­o de familiares da passageira que por acaso a acompanhav­am. Estranhara­m a longa demora e correram a pedir auxílio a uma outra empregada que acabou por abrir a porta.

A notícia terminava com duas interrogaç­ões indignadas: “Que se passa com a preparação do pessoal que serve o público no Metropolit­ano? E que horários serão esses que mandam encerrar serviços de permanente utilização mais de cinco horas antes dos últimos comboios?”

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TROCOS O negócio estava nas mãos de três companhias de capitais norte-americanos – a Petroleum Corporatio­n of Portugal, a Amoco Cuanza Petroleum Company e a Iberian Petroleum, Ltd. – que deixavam nos cofres públicos angolanos 10 por cento das receitas.

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