O futebol é a única área onde Portugal tem forte country branding a nível mundial, com enorme potencial económico. Jogadores portugueses jogam nas principais ligas de futebol profissional e há treinadores lusos espalhados pelos sete cantos do mundo, com g
Nos últimos anos temos assistido a investimentos de fundos soberanos no futebol, enquanto instrumento de promoção da imagem de um país e aumento do seu soft power a nível internacional. Se bem que a larga maioria dos mais relevantes investimentos feitos recentemente no futebol continue a provir de fundos privados. Tendo havido cada vez mais fundos provenientes de private equities que descobriram que há bom retorno no investimento feito neste desporto-entretenimento.
Alguns dos relatórios sobre os principais clubes europeus, por enterprise value (EV ), valor da marca respetiva ou por volume de receitas, apenas incluem as “cinco grandes” ligas de futebol profissional. Quando o ranking dos clubes vai para além dessas ligas, aparecem em lugares de relevo dois clubes portugueses: o SL Benfica e o FC Porto. Estes dois clubes portugueses constam também da lista dos 32 clubes europeus “mais proeminentes” (em termos de EV ), de acordo com o relatório de avaliação –The European Elite 2023 – da KPMG Football Benchmark, e fazem parte dos 32 clubes que disputarão em 2025 o Mundial de Clubes FIFA nas vagas [europeias] via ranking. Além disso, por valor da marca respetiva, o Benfica está elencado em 41.º e o FC Porto em 48.º a nível mundial.
Considerando o valor da marca dos 50 clubes mais valiosos e elencando por países, constata-se uma enorme diferença entre os dos países das 5 “grandes ligas” – Reino Unido (9,371 mil milhões de dólares (mM$)), Espanha (4,374 mM$), Alemanha (2,992 mM$), Itália (2,131 mM$) e França (1,519 mM$) – e os dos países em 6.º e 7.º lugares – Portugal (228 M$) e Países Baixos (172 M$).
O futebol é a única área onde Portugal tem forte country branding a nível mundial, com enorme potencial económico. Jogadores portugueses jogam nas principais ligas de futebol profissional (e noutras) e há treinadores lusos espalhados pelos sete cantos do mundo, com grande sucesso. Não é por acaso que o maior agente de futebol do mundo é português.
Outro fator apelativo para investidores é o facto de, na última década, algumas das academias de clubes mais rentáveis do futebol mundial serem de clubes portugueses: SL Benfica (1.º, com €516 milhões), Sporting CP (7.º, com €306 milhões), FC Porto (15.º, com €221 milhões). Se estes clubes autonomizassem esta vertente numa SPV conseguiriam alavancar mais fundos para a sua atividade.
Mas, na Liga Portuguesa de Futebol, os clubes continuam a ter dificuldade em superar os seus três principais problemas: (i) gestão pouco profissional;
(ii) crónica escassez de capital; (iii) mentalidade “proprietária” dos sócios.
Apesar de praticamente todos os clubes da Liga Portuguesa de Futebol terem criado sociedades anónimas desportivas (SAD), está longe de se poder dizer que os principais problemas dos clubes estão em vias se ser solucionados. É certo que nos principais clubes, a gestão das SAD melhorou, em muitos até se profissionalizou. Também foi possível gerar fontes adicionais de rendimento, com orçamentos maiores que há uma década. A dimensão e qualidade das SAD depende da capacidade para alavancar fundos significativos, fundos que permitem elevar a qualidade da gestão, melhorar a capacidade para formar jovens com talento, bem como aceder a melhores recursos, maxime jogadores de elevado rendimento [potencial]. E há muito para fazer para atingir tal desiderato.