“PSP está na iminência de cair num precipício”
Oaumento do suplemento de missão da Polícia Judiciária – que acrescentou aos vencimentos, uma média de 500 euros – “teve o condão de unir as polícias como nunca tinha acontecido antes”, admitiu o comissário Bruno Pereira, presidente do Sindicato nacional de Oficiais de Polícia (SNOP). Na sua intervenção no almoço-debate do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), que decorreu ontem, em Lisboa, Bruno Pereira, que é também o porta-voz da plataforma das forças de segurança, fez um retrato dramático da situação da PSP. “Os polícias estão exaustos e tristes. E se os polícias não estão bem, o Estado não está bem. A PSP está na iminência de cair no precipício”, sublinhou. Perante isto “a valorização do salário de uma polícia veio incendiar uma situação já difícil de gerir”.
Porém, reconheceu, “pelo menos teve o condão de unir as polícias como nunca antes. Todos sentem a injustiça”. Revelou que “mais de 60% dos oficiais de polícia mostram predisposição para sair, o que é preocupante pois é aquela classe de se espera assumir cargos de direção”, assinalando que isto acontece “não porque não gostam do que fazem, mas porque procuram melhores condições, com o salário à cabeça”.
Apontou a baixa atratividade para o recrutamento na PSP, em cujas causas os baixos salários de destaca, comparando os 16 mil candidatos em 1999, com os três mil em 2023. “Quando chegamos ao ponto de não haver candidatos para preencher as vagas é porque a situação está muito mal. É preciso uma alteração de fundo nas condições de para tornar a carreira atrativa”.
O dirigente sindical alertou ainda para o “envelhecimento” na PSP, revelando que neste momento “60% dos polícias têm mais de 45 anos” e que dentro de três anos “mais de cinco mil vão ter 55”.