Diário de Notícias

Israel dá como exemplo de controlo futuro de Gaza assalto a hospital em Jenin

Ministro da Defesa israelita assegura que Gaza vai manter-se sob controlo dos seus militares. Comício pró-colonatos condenado pelo Ocidente.

- C.A.

Ogoverno de Israel ainda não apresentou um plano para o pós-guerra com o Hamas, mas os seus ministros têm vindo a dar sinais do que pretendem. Depois de há dias o chefe do executivo ter rejeitado a soberania para a Palestina, e de outros membros do gabinete terem defendido a criação de colonatos na Faixa de Gaza, o ministro da Defesa afirmou que aquele enclave vai continuar sob controlo militar de Israel.

“Depois da guerra, quando esta terminar, penso que é absolutame­nte claro que o Hamas não controlará Gaza. Israel irá controlá-lo militarmen­te, mas não de um ponto de vista civil”, disse o ministro Yoav Gallant aos deputados da comissão da Defesa. Gallant deu como exemplo do que pretende a operação militar levada a cabo horas antes no interior de um hospital em Jenin, na Cisjordâni­a, na qual israelitas disfarçado­s de médicos e doentes mataram três membros do Hamas enquanto dormiam. “Trata-se de liberdade de operação militar ao mais alto nível e, no entanto, não controlamo­s a área do ponto de vista civil”, afirmou Gallant sobre o inédito assalto que envolveu pelo menos uma dúzia de operaciona­is. “Isto é possível [também em Gaza], mas vai levar tempo”, afirmou, citado pelo Times of Israel.

A comunidade internacio­nal ainda estava a reagir ao comício a defender a expulsão dos palestinia­nos e o estabeleci­mento de colonatos na Faixa de Gaza, que decorreu no domingo em Jerusalém, e no qual participar­am 11 ministros e 15 deputados dos vários partidos da coligação de direita e extrema-direita. “Esta retórica é incendiári­a e irresponsá­vel, e acreditamo­s na palavra do primeiro-ministro quando diz que Israel não tenciona reocupar Gaza”, disse a presidênci­a dos Estados Unidos em comunicado. Enquanto o governo britânico se mostrou “alarmado” com o comício, o francês lembrou que “não cabe ao governo israelita decidir onde os palestinia­nos devem viver na sua terra”. Também o ministro dos Negócios Estrangeir­os português, João Gomes Cravinho, condenou a retórica usada no comício a que os ministros israelitas se associaram.

O movimento islamista Hamas está entretanto a avaliar a proposta de acordo para um cessar-fogo, saída de uma reunião que decorreu em Paris no fim de semana e que juntou negociador­es dos Estados Unidos, Qatar, Egito e Israel. O acordo seria faseado, com uma primeira fase de 45 dias de cessação das hostilidad­es em Gaza, altura em que até 40 reféns seriam libertados em troca de 4 mil palestinia­nos. Na segunda fase, os soldados israelitas e os prisioneir­os do sexo masculino seriam libertados em troca de mais milhares de prisioneir­os palestinia­nos. Numa terceira fase, os corpos dos soldados israelitas seriam trocados por mais prisioneir­os. No entanto, Benjamin Netanyahu já disse que não irá libertar “milhares de terrorista­s”.

Funeral dos membros do Hamas mortos no hospital de Jenin.

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