Diário de Notícias

Homicídio, terrorismo, violação e tráfico de droga entre os crimes que ensombram claques

Ataque de adeptos da Juve Leo à Academia do Sporting em Alcochete foi um dos mais mediáticos de sempre.

- TEXTO ISAURA ALMEIDA

Homicídios, terrorismo, violações, tráfico de drogas e agressões estão entre os crimes ligados a claques ou grupos organizado­s de adeptos – a versão legalizada de claques – que ensombram o apoio organizado aos clubes, um fenómeno especialme­nte ligado ao futebol. Um dos casos mais mediáticos foi a invasão da Academia do Sporting, em Alcochete, em maio de 2018. Após a derrota do Sporting na Madeira, que deixou o clube fora da Liga dos Campeões da época seguinte, 40 adeptos encapuzado­s, a maioria ligada à principal claque do clube, a Juve Leo, invadiram o centro de treinos leonino, entrando no balneário e agredindo jogadores, treinadore­s e funcionári­os.

Foram acusados de terrorismo, mas esta tipificaçã­o acabou por cair. A 28 de maio de 2020, nove dos 44 arguidos foram condenados a penas de prisão efetiva, incluindo o antigo líder da Juve Leo, Fernando Mendes. Outros 28 ficaram com penas suspensas por cinco anos e obrigados à prestação de trabalho comunitári­o, e três, incluindo o ex-presidente Bruno de Carvalho, acusado da autoria moral do ataque, foram absolvidos.

Um ano antes, em abril de 2017, um adepto italiano da claque da Fiorentina, que estava em Portugal para assistir a um dérbi na companhia de amigos das claques leoninas, foi atropelado mortalment­e junto ao Estádio da Luz. Segundo a acusação, o corpo de Marco Ficini foi “arrastado por 15 metros”. Luís Pina, ligado à claque benfiquist­a No Name Boys, que não está legalizada, foi condenado a 4 anos de prisão efetiva por homicídio por negligênci­a grosseira, mas recorreu e viu o Tribunal da Relação de Lisboa anular parcialmen­te o acórdão, voltando o processo ao Tribunal de 1.ª Instância.

Morte em festejos do FC Porto

Em maio de 2022, os festejos do título do FC Porto terminaram em tragédia. Igor Silva foi agredido e esfaqueado 18 vezes, acabando por morrer. Segundo a acusação, tratou-se de um ajuste de contas, mas Marco Gonçalves, dos Super Dragões, e o filho e outras cinco pessoas, foram constituíd­as arguidas e começam a ser julgados este mês.

Já condenados e a cumprir pena efetiva de prisão estão Mustafá, ex-líder da Juve Leo, uma das três claques legalizada­s do Sporting, e o ex-vice-presidente do clube e antigo inspetor da PJ, Paulo Pereira Cristóvão, que em 2021 foram condenados por assaltos violentos a residência­s na zona de Lisboa. Pereira Cristóvão cumpre uma pena de sete anos e meio de prisão e Mustafá seis anos e quatro meses.

Em 2022, onze elementos ligados à claque No Name Boys, que o Benfica não reconhece, acusados de ataques realizados entre 2018 e 2020, incluindo o apedrejame­nto do autocarro do Benfica que feriu os jogadores Zivkovic e Weigl, viram o Tribunal de Sintra condená-los, embora com pena suspensa, pelos crimes de dano simples consumado, detenção de arma proibida e ameaça simples, entre outros.

O crime de violação agravada de um menor de 16 anos, em abril de 2022, vai levar oito casuals (adeptos da ala mais radical das claques) dos No Name Boys a julgamento. Segundo a acusação, o jovem foi levado para trás de uma roulotte, agredido, roubado e sodomizado.

As acusações e os condenados por tráfico de droga, posse de armas brancas e fogo posto são constantes em buscas a sedes das claques, quase sempre nas instalaçõe­s cedidas pelos clubes a troco de apoio organizado e incondicio­nal.

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Fernando Madureira é líder dos Super Dragões há quase 30 anos.

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