Diário de Notícias

Madeira. Centrão defende o inverso do que defendeu na crise de Costa

Escolha do PSD para substituir Miguel Albuquerqu­e como presidente do Governo da região poderá hoje ser conhecida, após reunião do Conselho Regional do partido.

- TEXTO JOÃO PEDRO HENRIQUES joao.p.henriques@dn.pt

OConselho Regional do PSD-Madeira reúne-se hoje no Funchal e a expectativ­a – não-confirmada oficialmen­te – é que da reunião saia um nome para suceder a Miguel Albuquerqu­e na presidênci­a do Governo Regional. O líder madeirense, arguido suspeito de corrupção na investigaç­ão judicial às relações perigosas entre poder empresaria­l e poder político na ilha, demitiu-se depois de o PAN, parceiro parlamenta­r da coligação PSD-CDS que governa a ilha, o ameaçar de lhe retirar a confiança, o que transforma­ria a atual maioria em minoria face à oposição regional.

Para já, toda a gente na maioria PSD+CDS+PAN parece interessad­a em remover Albuquerqu­e do lugar o mais depressa possível. Porém, o Representa­nte da República, Ireneu Barreto – dando, de resto, sequência a preocupaçõ­es manifestad­as pelo Presidente da República – fez saber que provavelme­nte só irá exonerar o (ainda) presidente do Governo madeirense depois de aprovado no Parlamento Regional o Orçamento e Plano para este ano, dia 9 de fevereiro.

A situação revela, entre a maioria de Governo na Madeira e o maior partido da oposição, o PS, uma absoluta inversão de posições agora face ao que esses mesmos partidos defenderam em Lisboa quando António Costa se demitiu de primeiro-ministro.

Nessa altura, o PSD defendeu que não havia outro caminho que não fosse o de eleições antecipada­s. Já a maioria PS defendeu que, pelo contrário, a legislatur­a poderia prosseguir, com o partido a indicar outro primeiro-ministro (Mário Centeno, no caso).

Agora, sendo a situação análoga – uma demissão de um chefe de Governo a braços com problemas na Justiça – PSD e PS defendem o contrário: os sociais-democratas acham que na Madeira há condições para a legislatur­a ir até ao fim, com um novo Presidente do Governo Regional; e os socialista­s querem eleições antecipada­s.

Entrevista­do ontem pelo Observador, o deputado do PS na AR Carlos Pereira, eleito pela Madeira, defendeu que o Presidente da República “deve ser coerente” com a posição que assumiu na demissão de Costa – ou seja, resolver o problema convocando eleições antecipada­s (o que só poderá fazer a partir de 24 de março). “O que o PS tem vindo a dizer, e inclui-se num racional razoável, é que o Presidente da República deve usar o mesmo critério, porque me parece importante que exista coerência nas decisões de um ator político como o Presidente da República”, afirmou o deputado socialista.

Carlos Pereira, deputado socialista na AR eleito pela Madeira, acha que o mais “razoável” é pedir “coerência” ao Presidente da República.

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