Madeira. Centrão defende o inverso do que defendeu na crise de Costa
Escolha do PSD para substituir Miguel Albuquerque como presidente do Governo da região poderá hoje ser conhecida, após reunião do Conselho Regional do partido.
OConselho Regional do PSD-Madeira reúne-se hoje no Funchal e a expectativa – não-confirmada oficialmente – é que da reunião saia um nome para suceder a Miguel Albuquerque na presidência do Governo Regional. O líder madeirense, arguido suspeito de corrupção na investigação judicial às relações perigosas entre poder empresarial e poder político na ilha, demitiu-se depois de o PAN, parceiro parlamentar da coligação PSD-CDS que governa a ilha, o ameaçar de lhe retirar a confiança, o que transformaria a atual maioria em minoria face à oposição regional.
Para já, toda a gente na maioria PSD+CDS+PAN parece interessada em remover Albuquerque do lugar o mais depressa possível. Porém, o Representante da República, Ireneu Barreto – dando, de resto, sequência a preocupações manifestadas pelo Presidente da República – fez saber que provavelmente só irá exonerar o (ainda) presidente do Governo madeirense depois de aprovado no Parlamento Regional o Orçamento e Plano para este ano, dia 9 de fevereiro.
A situação revela, entre a maioria de Governo na Madeira e o maior partido da oposição, o PS, uma absoluta inversão de posições agora face ao que esses mesmos partidos defenderam em Lisboa quando António Costa se demitiu de primeiro-ministro.
Nessa altura, o PSD defendeu que não havia outro caminho que não fosse o de eleições antecipadas. Já a maioria PS defendeu que, pelo contrário, a legislatura poderia prosseguir, com o partido a indicar outro primeiro-ministro (Mário Centeno, no caso).
Agora, sendo a situação análoga – uma demissão de um chefe de Governo a braços com problemas na Justiça – PSD e PS defendem o contrário: os sociais-democratas acham que na Madeira há condições para a legislatura ir até ao fim, com um novo Presidente do Governo Regional; e os socialistas querem eleições antecipadas.
Entrevistado ontem pelo Observador, o deputado do PS na AR Carlos Pereira, eleito pela Madeira, defendeu que o Presidente da República “deve ser coerente” com a posição que assumiu na demissão de Costa – ou seja, resolver o problema convocando eleições antecipadas (o que só poderá fazer a partir de 24 de março). “O que o PS tem vindo a dizer, e inclui-se num racional razoável, é que o Presidente da República deve usar o mesmo critério, porque me parece importante que exista coerência nas decisões de um ator político como o Presidente da República”, afirmou o deputado socialista.
Carlos Pereira, deputado socialista na AR eleito pela Madeira, acha que o mais “razoável” é pedir “coerência” ao Presidente da República.