EUA desvalorizam anúncio de suspensão de ataques de grupo iraquiano apoiado pelo Irão
Washington culpa Resistência Islâmica no Iraque pela morte de três soldados na Jordânia. Teerão deixa alerta.
O porta-voz John Kirby na conferência de imprensa.
Um grupo iraquiano responsável por dezenas de ataques contra as forças norte-americanas desde outubro, incluindo alegadamente aquele com um drone que matou três militares na Jordânia, anunciou a suspensão das ações contra alvos dos EUA. Um anúncio desvalorizado por Washington, com a Casa Branca a dizer que o presidente Joe Biden considera importante retaliar “de forma apropriada”. O Irão, que apoia a milícia, avisa que irá também “responder de forma decisiva” se for atacado.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, atribuiu o ataque com um drone de sábado à noite na Jordânia (junto à fronteira com a Síria) à Resistência Islâmica do Iraque, que junta diferentes milícias apoiadas pelo Irão. Uma delas é a Kataib Hezbollah, que na terça-feira anunciou que ia suspender todos os seus ataques contras as forças norte-americanas, alegando não querer embaraçar o Governo iraquiano. Kirby disse contudo que o grupo não pode ser levado a sério, acrescentando que não é o único “que tem estado a atacar-nos [aos EUA]”.
Segundo a Reuters, a decisão de suspender os ataques contra as forças americanas foi tomada após pressão de Teerão e dos próprios partidos no poder no Iraque, que consideraram que foi ultrapassada uma “linha vermelha”. O anúncio foi visto como mais uma prova de que o Irão e importantes grupos do Iraque querem evitar um conflito regional ligado à guerra em Gaza, apesar dos ataques repetidos desde o atentado terrorista do Hamas de 7 de outubro e a consequente declaração de guerra de Israel.
Biden, que amanhã estará presente na cerimónia do regresso dos corpos dos soldados aos EUA, prometeu retaliar o ataque. As conclusões preliminares da investigação revelaram que o drone inimigo terá sido confundido com um drone amigo que estava a regressar à base, razão pela qual não terão sido acionadas as defesas antiaéreas. Segundo Kirby, o presidente norte-americano está ainda a equacionar qual será a resposta adequada, avisando contudo que “a primeira coisa que vão ver, não será a última coisa”, acrescentando que “não será uma coisa isolada”.
O líder dos Guardas da Revolução, Hossein Salami, respondeu às ameaças. “Ouvimos ameaças vindas de autoridades americanas, dizemos-lhes que já nos testaram e agora nós conhecemo-nos, nenhuma ameaça ficará sem resposta”, disse, citado pela agência de notícias Tasnim.
Guerra em Gaza
Entretanto, na guerra entre o Hamas e Israel, prosseguem as negociações para uma eventual trégua e troca de reféns, com o líder do grupo terrorista, Ismail Hanieyh, a viajar para o Egito para avaliar a proposta. “Estamos a analisar uma pausa alargada como o objetivo, mais longo do que vimos em novembro, que foi de cerca de uma semana”, disse Kirby.
Segundo o Washington Post, a ideia seria uma pausa de seis semanas e a libertação de todos os reféns civis que ainda estão nas mãos do Hamas. Em troca, Israel garantiria a libertação de presos palestinianos, num rácio de um refém por três presos. A porta estaria também aberta à libertação, depois, dos soldados e à entrega dos corpos dos mortos em cativeiro.