Legislativas. Marcelo com todas as opções em aberto (até novas eleições ainda este ano)
Se as eleições fossem hoje seria muito possível uma vitória do PS, mas com a esquerda em minoria – e o Chega a crescer até aos 21%, apenas seis pontos atrás do PSD. Marcelo só tem uma certeza: um Governo demitido no Parlamento, mesmo que prossiga em funçõ
Aala direita do PS, prestes a ficar reforçada no Parlamento devido ao regresso de Francisco Assis, está a ver nas próximas eleições a possibilidade de o partido regressar a um modo de governação feito de entendimentos não-exclusivamente à esquerda, mas também com o PSD e o CDS.
Foi o próprio Francisco Assis quem o afirmou ontem, no podcast Mistério das Finanças, do jornal económico online Eco. O ainda presidente do CES (Conselho Económico e Social) admite que se perspetiva para as próximas eleições legislativas (10 de março) uma “reconfiguração radical do sistema partidário” e a isto acrescenta que “podemos estar de novo confrontados com uma situação em que tenha de haver um diálogo muito maior entre o PS e o PSD e o CDS”.
“Isso foi uma coisa que caracterizou as primeiras décadas da nossa vida democrática e é algo que se poderá ter de recuperar. E olho para isso não com preocupação, mas, pelo contrário, acho que é próprio de uma democracia madura, de uma democracia estabilizada, ter encontrado as melhores soluções em cada momento”, disse ainda. Concluindo: “Essa é uma possibilidade que, claramente, já foi testada no passado e funcionou.”
Assis comentava a sondagem
ICS/ISCTE feita para a SIC e para o Expresso que, dando vitória ao PS (29%), mostra também que a esquerda toda junta (PS+PCP+BE +Livre+PAN) não tem maioria absoluta. O estudo revela que a ala direita do Parlamento ficará claramente maioritária, sobretudo devido a um crescimento exponencial do Chega (para 21%), ficando apenas seis pontos percentuais atrás do PSD (27%).
O cenário apresenta-se, portanto, de pesadelo para a estabilidade política. E aqui entra o Presidente da República.
Como foi notado em Belém que a sondagem só teve uma taxa de resposta de 26% (dos 2984 lares contactados só resultaram 804 entrevistas), a prudência aconselha o Presidente da República a manter todas as opções em aberto, recusando definir já – muito menos publicamente – modos de atuação para o cenário A, B, C ou D.
Manter as opções em aberto significa que todos os caminhos são possíveis. Inclusivamente, para o Presidente da República, voltar a convocar eleições assim que puder, ou seja, seis meses depois das legislativas de 10 de março, isto é, em 10 de setembro ou à volta disso, marcando-se essas novas eleições ainda para este ano (depois de 10 de novembro).
Marcelo tem os dados que são do conhecimento público: Luís Montenegro recusa assumir a chefia do Governo se a sua Aliança Democrática (PSD+CDS+PPM) ficar em 2º lugar (como a sondagem revela). E, portanto, indigitará Pedro Nuno Santos para primeiro-ministro, podendo este permanecer no cargo em gestão corrente, caso o seu Programa de Governo seja chumbado no Parlamento (o chumbo do Programa de Governo tem o efeito da aprovação de uma moção de censura, ou seja, implica a queda do Governo).
Neste caso, há outra certeza em Belém: um Governo demitido no Parlamento, não poderá, mesmo que permaneça em funções, apresentar no Parlamento uma proposta de Orçamento do Estado para 2025.
As contas ao calendário estão feitas. Podem ser convocadas novas eleições legislativas para o início de novembro.