Diário de Notícias

Formação de pilotos dos F-16 incerta, Kamovs ainda em terra

Portugal ainda não treinou nenhum piloto ucraniano para caças F-16, apesar de o ter anunciado há nove meses. O Governo ainda acredita que esse plano se concretiza­rá, mas a Força Aérea prepara-se para formar mecânicos e controlado­res aéreos.

- TEXTO VALENTINA MARCELINO

Oenvolvime­nto de Portugal na formação de pilotos ucranianos pode não vir a suceder. Pelo menos, até agora, não foram realizadas, nem estão previstas, nenhumas ações formativas no nosso país, soube o DN junto de fonte militar. O facto de os caças F-16 portuguese­s terem uma configuraç­ão mais avançada – versão Mid Life Update (MLU) – do que aquela das aeronaves que voarão na Ucrânia, será o principal motivo para esta indefiniçã­o. O DN sabe que a Força Aérea Portuguesa (FAP), mantendo a disponibil­idade para receber os militares ucranianos, já se está a preparar para formar mecânicos para a manutenção dos F-16 e controlado­res de tráfego aéreo na Base de Monte Real.

A designada “coligação dos caças” foi oficialmen­te criada em julho de 2023. Onze países, entre os quais Portugal, assinaram um protocolo para participar no programa de formação, treino e manutenção de aviões de combate F-16 para pilotos, técnicos e pessoal de apoio ucranianos. Esta disponibil­idade portuguesa – cuja Força Aérea conta com 28 caças, divididos pelas esquadras 201 – “Falcões” e 301 – “Jaguares” –, foi anunciada em maio do ano passado pelo ministro dos Negócios Estrangeir­os português.

A ministra da Defesa, Helena Carreiras, reforçou, em agosto, que, além dos pilotos, Portugal também iria contribuir com a formação de mecânicos ucranianos “para o esforço de apoio logístico” àquele país invadido pela Rússia.

Mas passados nove meses das palavras de Cravinho ainda nada aconteceu, ao contrário dos outros países da coligação (Reino Unido, Países Baixos, Dinamarca, Bélgica e Estados Unidos) que, apesar de também com algum atraso, já estão a treinar pilotos. Recorde-se que há vários meses que o presidente da Ucrânia tem apelado ao envio urgente destes caças para reforçar a pressão sobre a Rússia nos céus, sendo necessária previament­e a referida instrução.

O gabinete da ministra da Defesa diz que “Portugal está disponível para receber militares ucranianos para receberem formação em solo nacional” e que “essa formação está prevista e a ser planeada, em articulaçã­o com a contrapart­e ucraniana, o Estado-Maior-General

das Forças Armadas e a Força Aérea, e também no quadro da coligação internacio­nal de treino de F-16.”

Outro anúncio, no quadro do apoio militar à Ucrânia, está também por concretiza­r: os seis helicópter­os Kamov de combate a incêndios oferecidos por Portugal há mais de um ano ainda permanecem no país. A porta-voz oficial de Helena Carreiras responde que “o processo de envio dos Kamov está em curso, em permanente diálogo com a contrapart­e ucraniana e com a entidade internacio­nal que assegura o transporte para a Ucrânia do equipament­o militar doado por parceiros.”

Revela que “na passada semana teve lugar, em Lisboa, uma reunião com esta entidade, de forma a concretiza­r o processo de expedição dos helicópter­os. Este processo prolongou-se no tempo por razões ligadas a mudanças de gestão no Ministério do Interior ucraniano” e que “em dezembro, o Ministério da Defesa ucraniano reiterou o interesse deste país em receber os helicópter­os Kamov”.

O gabinete da ministra da Defesa diz que “essa formação está prevista e a ser planeada, em articulaçã­o com a contrapart­e ucraniana, o EMGFA e a Força Aérea, e também no quadro da coligação internacio­nal de treino de F-16.”

 ?? ?? A Força Aérea tem duas esquadras de caças F-16, cuja missão principal é a luta aérea, bem como operações contra alvos em terra.
A Força Aérea tem duas esquadras de caças F-16, cuja missão principal é a luta aérea, bem como operações contra alvos em terra.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal