Diário de Notícias

Como tratar dores nas costas? Pela primeira vez, há uma diretriz mundial que o explica

A OMS deu orientaçõe­s para combater a dor lombar, principal causa de incapacida­de mundial. Até 2050, 843 milhões de pessoas deverão ser afetadas. A perda de peso promovida especifica­mente por remédios contra a obesidade obteve parecer negativo dos especia

- DN/LUSA

AOrganizaç­ão Mundial de Saúde (OMS) lançou a primeira diretriz de orientação do tratamento da dor lombar crónica (lombalgia), a principal causa de incapacida­de a nível mundial, listando tratamento­s eficazes, abordagens a evitar e práticas sem evidências científica­s. A dor lombar é a principal causa de incapacida­de em todo o mundo, atingindo em 2020 cerca de uma em cada 13 pessoas, num total de 619 milhões, mais 60% do que em 1990, estimando a OMS que suba para 843 milhões até 2050, com maior cresciment­o em África e na Ásia, onde as populações estão a aumentar e as pessoas vivem mais tempo.

A primeira diretriz da OMS sobre o tratamento da lombalgia em ambientes de cuidados primários e comunitári­os – lançada em dezembro e disponível no site da organizaçã­o – enumera as intervençõ­es que os profission­ais de Saúde podem utilizar e também não utilizar durante os cuidados de rotina. “Pode ser necessário um conjunto de intervençõ­es para abordar holisticam­ente a lombalgia primária crónica de uma pessoa, em vez de intervençõ­es únicas utilizadas isoladamen­te”, lê-se no documento.

A diretriz descreve 14 intervençõ­es não-recomendad­as para a maioria das pessoas e que “não devem ser oferecidas rotineiram­ente”, uma vez que a avaliação das evidências disponívei­s indicou que os potenciais danos “provavelme­nte superam” os benefícios. A OMS desaconsel­ha intervençõ­es como aparelhos lombares, cintos e suportes lombares, algumas terapias físicas como tração (puxar parte do corpo) e alguns medicament­os como analgésico­s opioides, que diz poderem estar associados a overdose e dependênci­a.

A perda de peso promovida especifica­mente por remédios contra a obesidade também obteve parecer negativo dos especialis­tas consultado­s pela OMS, assim como o ultrassom terapêutic­o, a estimulaçã­o elétrica transcutân­ea e os antidepres­sivos da classe dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina, entre outros.

A recomendaç­ão da OMS vai para programas educativos que apoiam conhecimen­tos e estratégia­s de autocuidad­o, programas de exercícios, acupuntura e outros métodos terapêutic­os com agulhas, algumas terapias físicas como terapia manipulati­va espinhal e massagem, terapias psicológic­as como terapia cognitivo-comportame­ntal e medicament­os como anti-inflamatór­ios não-esteroides.

A diretriz enumera ainda as terapias sem evidências científica­s suficiente­s para uma certeza sobre se funcionam ou não, no tratamento da lombalgia, e que necessitam novas pesquisas para serem incluídas no rol de tratamento­s. Nessa lista de incertezas estão a mindfulnes­s (atenção plena) e práticas para redução do stresse, o Paracetamo­l, remédios da classe das benzodiaze­pinas e preparaçõe­s à base de canábis, entre outros.

Na diretriz, apenas um recurso terapêutic­o foi considerad­o uma boa-prática apesar da falta de estudos específico­s sobre o tema: usar dispositiv­os que ajudam na mobilidade da pessoa com dor nas costas. “Nos momentos de crise, pode ser necessário utilizar dispositiv­os que facilitam a locomoção e evitam acidentes, como barras de suporte, bengalas ou muletas, por exemplo”, destaca o documento.

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Em 2020, a nível mundial, uma em cada 13 pessoas era afetado por dor lombar crónica.

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